Título: Exportadores recebem Lula em clima de cautela
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2005, Brasil, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre hoje o 25º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio, mas os exportadores não esperam anúncios relevantes beneficiando o setor. Existe a expectativa de que, no encontro, possa ser confirmada uma medida de desburocratização. Trata-se da interligação das duas versões do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex): importação e exportação. O Siscomex é um sistema informatizado que permite o acompanhamento das operações de comércio exterior. O sistema permitiu que atividades antes executadas com papel fossem informatizadas, mas até hoje não há uma ligação entre as duas versões do programa. A desburocratização faz parte da agenda do Enaex deste ano, cujo tema é a competitividade. Os ministros que comparecerem ao encontro devem receber um resumo de diagnóstico feito pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), promotora do Enaex, sobre os entraves logísticos à exportação. José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB, cita, além da burocracia, a existência de gargalos nos portos, ferrovias e estradas. O câmbio é outro fator que atrapalha a exportação. Segundo ele, a exportação continua a crescer, apesar da valorização do real em relação ao dólar, pela demanda do mercado internacional. Ele estima que a meta de exportação de US$ 117 bilhões, projetada para 2005 pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, possa ser superada até o fim do ano, atingindo US$ 118 bilhões. "Embora a exportação cresça, o câmbio está fazendo vítimas", diz Castro. Ele prevê que cerca de mil empresas, sobretudo as de pequeno porte, deixem a exportação até o fim do ano. Castro diz que o cenário para 2006 é incerto. "Muitas empresas vão reduzir a exportação por força do câmbio." Ele acredita que muitos devem reduzir a participação no mercado externo sem abandona-lo. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, reconheceu que o aumento das exportações está vinculado aos preços das commodities, mas disse que houve uma ampliação do número de produtos de alto conteúdo tecnológico na pauta exportadora. Ele disse que a meta de exportações deste ano, de US$ 117 bilhões, será alcançada e a confirmar-se a projeção do ano que vem, de US$ 120 bilhões, o Brasil quase dobrará as suas exportações em quatro anos.