Título: CPI convida ao invés de convocar
Autor: Claudia Safatle, Paulo de Tarso Lyra, Maria Lucia
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2005, Política, p. A7

Foi bem sucedida a articulação de governistas e do próprio ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para evitar a votação do um requerimento de convocação para ele depor na CPI dos Bingos. Após horas de negociação com a oposição e integrantes da base do governo, envolvendo as lideranças do Senado, foi possível costurar um acordo político. Acertou-se que o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), vai telefonar para o ministro e convidá-lo a comparecer. Apesar de se tratar de um convite, e não convocação, Palocci terá que assinar um termo autorizando que todas as suas declarações possam ser utilizadas juridicamente, ou seja, que tenham o caráter de prova. "Vou conversar com o ministro e vamos acertar a vinda dele até, no máximo, o dia 10 de dezembro, como estava combinado anteriormente", disse Efraim. Uma das razões que levaram a oposição a concordar com o adiamento é o possível afastamento do ministro do cargo. Os oposicionistas, além disso, não teriam votos favoráveis para aprovar a convocação. O presidente do Senado, Renan Calheiros, participou da articulação no diálogo com a oposição. Palocci considerava um constrangimento político a convocação. Não é praxe no Senado a convocação de ministros. O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), também atuou diretamente nas negociações. "Vitória total", comemorou o petista. "Não tinha sentido impor essa convocação ao ministro", acrescentou.