Título: Eletrobrás faz operação de compra de 49% de Lajeado
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2005, Empresas &, p. B8

A Eletrobrás vai assumir 49% do capital total da hidrelétrica de Lajeado, no Tocantins, um projeto de R$ 1,6 bilhão. Essa participação será em apenas ações preferenciais, sem direito a voto. A sociedade será feita por meio da transformação do crédito de R$ 1,03 bilhão que a Eletrobrás possui em ações preferenciais e títulos com remuneração garantida da Investco, sociedade controladora da usina. Com isso, as quatro sócias da usina - Energias do Brasil; Grupo Rede; Companhia Energética de Brasília (CEB) e grupo CMS - irão transferir 49% do seu capital total em Lajeado à estatal de energia (em capital preferencial). Essa operação deverá ser concluída até 31 de dezembro. No futuro, depois de equacionada a dívida com a Eletrobrás, deverão permanecer como donas da usina apenas a Energias do Brasil e a estatal, sendo que a primeira será controladora da hidrelétrica, com quase 59% do capital total, em ações ordinárias. Dessa firma, será repetida em Lajeado uma parceria que já vem dando certo entre a estatal - por meio da sua subsidiária Furnas - e Energias do Brasil na hidrelétrica de Peixe Angical. A usina é um projeto de R$ 1,3 bilhão e tem capacidade instalada de 452 MW. Atualmente, a maior parte do capital de Lajeado está em poder do Grupo Rede, que detém 44,9% da usina. Mas a intenção do Rede totalmente do ativo. CEB, dona de 19,84%, e a CMS, com 6,93%, também têm planos de sair da usina. Energias do Brasil tem 27,37%. Para transformar os créditos em participação acionária, a Eletrobrás já aprovou proposta que contempla a migração da sua parte na Investco para a usina de Lajeado, em dois passos. Uma das fases de resgate de créditos da Investco será feita pela concessão de R$ 262 milhões em novas ações preferenciais das empresas Lajeado, o que corresponderia a 40,07% do seu capital social, mas sem direito de voto. A outra fase, relativa aos 9% do capital da usina, será feita via conversão de parte de créditos em ações também preferenciais, sem direito a voto da companhia Lajeado. O restante (grande parte) transformou-se em títulos com remuneração igual a 10% do lucro anual das empresas Lajeado, até o limite de R$ 774 milhões. A estratégia feita anteriormente contemplava a recompra, pela Investco, de seus pacotes de títulos em poder da Eletrobrás. Uma primeira parcela desses papéis venceu em 2003 e uma segunda parcela no ano passado. Mas a Investco não conseguiu comprar nada por não ter reservas de capital no balanço patrimonial. Hoje, com a estratégia da Eletrobrás de aumentar sua presença em projetos de geração no país, a negociação envolve a troca dos créditos em participação societária. Além de Lajeado, a estatal negocia a compra de participações da Vale do Rio Doce, Votorantim e da fabricante de alumínio Alcoa nas hidrelétricas de Foz do Chapecó, Salto Pilão e Serra do Facão, respectivamente. Outro projeto que também está na mira da gigante estatal de energia é a hidrelétrica de Estreito, na fronteira dos Estados do Maranhão e Tocantins. Lá, a Eletrobrás negocia entrada na sociedade por intermédio de suas subsidiárias Eletronorte e Chesf. As empresas deverão comprar parte da mineradora BHP Billiton, que pretende sair do negócio.