Título: Aftosa afeta venda de touros de elite
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 24/11/2005, Agronegócios, p. B13

O surgimento dos 25 focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e as suspeitas da doença no Paraná estão afetando os negócios da Agropecuária CFM, grupo britânico com sede em São José do Rio Preto (SP) e um dos maiores do setor pecuário no país. Luis Adriano Teixeira, coordenador de pecuária do grupo, diz que a doença - associada ao fraco desempenho do setor no ano - provocou a redução nas vendas de touros de elite para reprodução e de animais de abate. Em outubro, a empresa paralisou as vendas de animais para reprodução devido à proibição do trânsito de animais entre Estados. "Agora os negócios estão voltando a se normalizar", afirma Teixeira. A empresa comercializa em média 190 touros por mês. Em novembro, vendeu 80 animais, após lançar um programa de vendas a prazo. Em 2004, a empresa comercializou 2,3 mil touros para reprodução e neste ano deve negociar 2,2 mil animais. O grupo também reduziu as vendas de animais para engorda e abate (para frigoríficos como Marfrig, Minerva e Friboi), que em 2004 foram de 30,5 mil animais, e neste ano devem totalizar 26,5 mil. O rebanho, que em 2004 era de 94 mil cabeças, deve encerrar este ano com 88 mil a 89 mil animais. A CFM está no Brasil desde 1908 e tem 14 fazendas distribuídas em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. Os principais negócios do grupo são a pecuária e cana-de-açúcar. Este ano, a CFM iniciou um projeto de instalação de uma usina sucroalcooleira em São Paulo e, por conta disso, começou, em abril, a transferir seu rebanho de 13,5 mil cabeças de uma fazenda em Pontes Gestal (SP) para outros Estados. Segundo Teixeira, a transferência foi interrompida em outubro com a proibição do trânsito de animais. Parte do rebanho estava sendo enviada para uma fazenda de Lajeado (MS) e outra para duas fazendas em Jaborandi e Correntina, na Bahia. Ele afirma que os investimentos em pecuária - cujo valor é mantido em sigilo - foram mantidos, mas a transferência dos animais para a Bahia será postergada para 2007. De acordo com Teixeira, preocupa a demora na conclusão dos testes no gado do Paraná e a contenção dos focos no Mato Grosso do Sul. Além disso, acrescenta, a valorização do real sobre o dólar também reduz a competitividade da carne brasileira no exterior e pode dificultar as exportações em 2006.