Título: BC compra mais de US$ 4,2 bi e dólar cai
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 24/11/2005, Finanças, p. C2

O Banco Central aumentou o ritmo de compra de dólar neste mês em relação a outubro. No mercado à vista e futuro, as aquisições chegaram a mais de US$ 4,2 bilhões até ontem, segundo estimativas do mercado. No mercado futuro, por meio dos swaps reversos, o BC já comprou US$ 900 milhões e no mercado à vista as compras foram de US$ 3,3 bilhões. Em outubro inteiro, a autoridade monetária comprou US$ 3,6 bilhões somente no mercado à vista. Apesar da agressividade maior neste mês, o BC conseguiu apenas amortecer o movimento de desvalorização da moeda americana, que acumula 0,49% de queda no mês e de 15,52% no ano. A tendência é de o real continuar a se valorizar, na opinião unânime de analistas, enquanto as taxas de juros reais brasileiras continuarem tão elevadas e a diferença entre os juros externos e internos permitir ganhos substanciais com o carregamento de posições. A maior tranqüilidade no cenário político decorrente das afirmações do presidente Lula, de que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vai ficar no cargo, contribui para a valorização do real. O otimismo que vem dos Estados Unidos após a ata do Fed, banco central americano, divulgada anteontem, também amplia o movimento no câmbio brasileiro - os investidores passaram a apostar que a alta nos juros básicos americanos está perto de chegar ao fim. Os economistas que estimavam que o Fed iria elevar os juros até 5% ao ano agora falam que o limite será os 4,75% ao ano ou até 4,5%. Hoje, os juros básicos são de 4% nos EUA. Com isso, as bolsas americanas tiveram um rali ontem. O Dow Jones, das ações mais negociadas, subiu 0,53%. Os juros dos títulos do Tesouro americano tiveram alta, com os papéis de dez anos a 4,474% ao ano, aumento de 0,05 ponto percentual, depois de terem despencado no dia anterior logo após a divulgação da ata do Fed. O risco-Brasil refletiu o otimismo e caiu mais de 2,6%, para 339 pontos básicos, às 18h48. O feriado de Ação de Graças nos EUA, hoje, vai reduzir o volume de negócios no mercado.

Recorde nos negócios com juros futuros

No Brasil, os juros futuros tiveram volume recorde de negócios ontem, com 2,352 milhões de contratos transacionados. O contrato para vencimento em dezembro de 2005 foi o mais negociado, passando o de janeiro de 2007 pelo segundo dia consecutivo. As taxas projetadas para o próximo mês foram a 18,47% ao ano, na comparação com os 18,53% ao ano de anteontem - ou seja, a maioria do mercado apostava em corte de 0,5 ponto, para 18,5% ao ano, nos juros básicos na reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom), que não havia terminado até o fechamento do pregão na Bolsa de Mercadorias & Futuros. A curva de juros futuros de mais longo prazo passou a embutir apostas de que o Copom vai cortar os juros até 15,5% ao ano no final de 2006 e alguns analistas passaram a apostar em queda até 15%. Ontem, os contratos de vencimento em janeiro de 2007 passaram a projetar juros de 16,95% ao ano, na comparação com os 17% de anteontem e dos 17,56% ao ano projetados no final do mês passado.