Título: Clube mineiro trata funcionários como associados
Autor: Marta Barcellos
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2005, Valor Especial / EMPRESA & COMUNIDADE, p. F2

Os atletas do vôlei, da natação e do basquete fizeram o Minas Tênis Clube, o mais tradicional clube de lazer de Belo Horizonte, ser conhecido nacionalmente. Já os números do seu balanço social o elevaram a um ranking tão prestigioso quanto o do esporte: o das melhores práticas de gestão no país. A história do clube tomou um novo rumo, há três anos, quando os diretores apostaram num planejamento estratégico, com metas de desempenho econômico, social e ambiental a serem cumpridas. O clube, uma associação sem fins lucrativos com faturamento anual em torno de R$ 48 milhões e mais de 830 funcionários, orgulha-se hoje de ser uma empresa socialmente responsável, contribuindo para diferentes ações voltadas para a comunidade, como a ginástica laboral para garis da Prefeitura de Belo Horizonte. Outro motivo de orgulho para os diretores do Minas é a melhoria na qualidade do relacionamento com seus funcionários depois que o clube passou a investir mais pesadamente em recursos humanos. "Com este faturamento e mais de 70 mil associados para atender, vimos que era preciso passar a tratar o clube como uma empresa", diz o gerente Marcus Antônio de Magalhães. Em 2004, pela primeira vez na história do clube, os funcionários do Minas tiveram direito a participação nos lucros e resultados. Neste ano, eles serão remunerados pelas boas sugestões que apresentarem. No programa "Ouvindo quem faz" , 507 inscrições foram registradas, revelando um alto índice de adesão entre os colaboradores. As 20 melhores idéias receberão prêmio em dinheiro. O autor da melhor delas, que será revelada durante uma festa no fim do ano, levará R$ 5 mil. A proposta do clube é receber sugestões que contribuam para a melhoria do atendimento ao associado desde condições de segurança, instalações físicas, processos de trabalho, uso dos recursos até redução de custos. "Temos uma nova visão de como fazer as coisas", diz Marcus Magalhães. Por sugestão interna, o clube criou o "espaço do empregado", equipado com espreguiçadeiras, televisão e revistas, em cada uma das suas três unidades na capital mineira. Nesse lugar, os funcionários passam o período de intervalo para almoço ou lanche. O espaço também é utilizado para comemoração em dias especiais, como Dia da Mulher, e para palestras educativas. Temas como alcoolismo, papel dos pais na vida dos filhos, obesidade e prevenção contra AIDS já foram debatidos com os grupos. Uma vez por ano, os empregados e seus familiares têm direito a desfrutar do conforto das instalações que durante o resto do ano só podem ser utilizadas pelos sócios e seus dependentes. Os portões do clube são fechados para que os funcionários possam usar piscinas, jogar tênis, fazer sauna. O clube se preocupa com o crescimento profissional de cada um deles e incentiva a educação. Nos últimos dois anos, 50 empregados analfabetos passaram por módulos de ensino supletivo. Hoje, não há entre eles quem não saiba ler e escrever. "Não dá para atender um público A e B e ter funcionários analfabetos", afirma o gerente. O investimento em treinamento e educação corresponde a 0,33% do faturamento anual. Em 2005, serão aplicados mais de R$ 160 mil. Para nortear suas ações, o Minas investiu num levantamento sócioeconômico do grupo. Os resultados estão no relatório de responsabilidade social publicado. Dentre os mais de 13 mil clubes de lazer em funcionamento no país, o Minas foi o primeiro a divulgar um balanço deste tipo.