Título: Montadoras reivindicam medidas de política industrial
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2005, Brasil, p. A3

As montadoras de automóveis querem que o Brasil inclua, no acordo de política automotiva com a Argentina, medidas de política industrial, para permitir a integração do setor no Mercosul, segundo reivindicou ontem o presidente da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogélio Golfarb, ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Essa política terá de trazer soluções para o problema da falta de crédito no varejo argentino e os altos níveis de juros enfrentados pelos consumidores e investidores no Brasil. Neste ano, estava previsto o fim do chamado regime automotivo, que impõe regras de comércio compensado, com travas às exportações nas vendas do setor entre Brasil e Argentina. O governo argentino pediu extensão do acordo, com alterações que restringiriam ainda mais as vendas brasileiras ao vizinho. Uma reunião sobre o tema marcada para hoje, na Argentina, foi suspensa devido à demissão do ministro da Economia, Roberto Lavagna e de sua equipe econômica, que vinha discutindo o assunto. Golfarb afirma que a emergência de concorrentes como a China, a Índia e os países do Leste Europeu ameaçam desviar investimentos das grandes montadoras antes dirigidos ao Brasil e à Argentina. As dificuldades para integração desses dois mercados só dificultam a situação, o que exige dos dois países, na renegociação do acordo, a criação de regras para atrair investimentos para a região e garantir o crescimento sustentado do mercado. "Até o momento, o acordo está sendo discutido nos termos antigos, de equilíbrio no comércio bilateral", queixou-se. Embora crescente, a exportação de veículos para a Argentina tem sido menor que o crescimento do mercado local. Em 2003, o mercado argentino de veículos cresceu 89% e as exportações brasileiras ao vizinho, 76,5%; em 2004 o mercado duplicou e as vendas do Brasil cresceram 74,3% e, neste ano, até outubro, o mercado subiu 31,2% e as vendas brasileiras, 18,3%. (SL)