Título: Fruet quer incorporar sub-relatório ao texto final de Serraglio sem votação prévia
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2005, Política, p. A6
O sub-relator de Finanças da CPI dos Correios, Gustavo Fruet (PSDB-PR), já considera a hipótese de a comissão não votar mais o relatório parcial elaborado por ele, como forma de dirimir conflitos entre PSDB e PT. Essa saída é rejeitada pelo presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), e outros petistas. "É fundamental votar o sub-relatório. Ainda não há acordo, mas vamos tentar ajustar o texto final. É esse o esforço que vamos fazer", disse Delcídio, que passou o fim de semana conversando com governistas e oposicionistas, para tentar um consenso. O presidente da CPI também considera imprudente o relator-geral da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), sugerir a elaboração de outro relatório parcial para tratar do tema mensalão (pagamento a parlamentares). "Se a CPI do Mensalão não apurou isso, eu lamento. Isso não está no foco da CPI dos Correios", sentenciou Delcídio. A idéia de Fruet é entregar hoje a Osmar Serraglio todas as conclusões da sub-relatoria de finanças sobre as movimentações bancárias do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e suas ligações com parlamentares e políticos, para que sejam incluídas na peça final. "Vou passar todas as informações para o Osmar, para ele transferir para o relatório final. Senão, não conseguimos fechar. Estamos caminhando para suspender a votação. Ao invés de discutirmos algo específico, esse sub-relatório virou um embate sobre todos os temas", disse Fruet ao Valor. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), sub-relator de contratos, também defende a votação do sub-relatório para dar a demonstração de que as brigas políticas não vão inviabilizar a comissão, como ocorreu com a CPI do Banestado. "Sou totalmente contra suspendermos a votação. Acho que os dois sub-relatórios, o elaborado por Fruet e o elaborado por mim, devem ser votados para darmos um claro sinal de que a CPI não naufragou na disputa política". O foco do sub-relatório de finanças são os empréstimos de Marcos Valério ao PT, cujo desdobramento das investigações chegou ao nome de parlamentares que fizeram saques nas contas do empresário mineiro. A desavença entre PT e PSDB é que os governistas exigem a inclusão, no sub-relatório, do empréstimo de Marcos Valério ao governo estadual tucano, feito em 1998, no mandato de Eduardo Azeredo. Fruet disse que todos os temas serão incluídos no relatório parcial. O problema é que ele considera o caso do PSDB distinto do caso do PT, interpretação rejeitada pelos governistas. Para os tucanos, o caso de Minas refere-se exclusivamente a caixa 2 de campanha eleitoral, enquanto o esquema amplo que ligou Marcos Valério ao PT nacional esbarra em corrupção, superfaturamentos, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, crime contra a ordem tributária e o sistema financeiro. "Vou levantar todos os temas, incluir todos os nomes, e deixar a análise mais abrangente para o relatório do Serraglio", disse.