Título: TAP promete liberar US$ 40 milhões para a Varig
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2005, Empresas &, p. B3

Aviação

O presidente da TAP, Fernando Pinto, disse ontem que a estatal portuguesa do setor aéreo espera no prazo de duas semanas depositar na conta da Varig os US$ 40 milhões correspondentes a recebíveis da empresa aérea brasileira por venda de passagens pelo cartão de crédito Visa. A TAP ficou de antecipar os recursos para a companhia brasileira como parte do acerto feito para a compra da VEM e da VarigLog, subsidiárias da Varig para os setores de manutenção de aeronaves e de logística. No dia 7 deste mês a TAP depositou US$ 62 milhões em uma conta especialmente criada para isso, como parte de um contrato de promessa de compra e venda da VEM e da VarigLog. A operação, que contou com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de US$ 42 milhões, ficou de ser concluída após a avaliação minuciosa das duas empresas e a constatação de que a proposta portuguesa foi a melhor obtida. A antecipação dos recursos do cartão é parte do mesmo acordo. O problema é que alguns dias depois do acerto, toda a direção da Varig que negociou com a TAP foi demitida pela Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da aérea brasileira. No clima de incertezas que se criou, o vice-presidente da TAP, Michael Conolly, chegou a dizer que já não era certo o depósito dos US$ 40 milhões. Ontem, Pinto, que já foi presidente da Varig, disse ao Valor que as dificuldades decorrentes da mudança de interlocutores já foram superadas e que tudo que foi escrito em contrato será cumprido. Ele reiterou que a TAP mantém o propósito de investir mais US$ 500 milhões no processo de recuperação da Varig, desde que a primeira parte das negociações seja completada com sucesso e que a empresa brasileira caminhe, efetivamente, para a recuperação. Hoje, a Varig passa por um processo de recuperação judicial, uma versão reformulada da antiga concordata. Para o presidente da TAP, a Varig ainda é viável. "É justamente por isso que estamos participando desse processo", disse. Mas Pinto avalia que, diante do elevado passivo da empresa, próximo a R$ 10 bilhões, o sucesso da recuperação passa, necessariamente, pela vitória definitiva da Varig no processo que move contra a União para receber cerca de R$ 3 bilhões decorrentes de supostas perdas geradas por congelamentos de tarifas nos anos 80. A Transbrasil, que acabou não sobrevivendo, já ganhou uma ação semelhante e recebeu cerca de R$ 700 milhões.