Título: Greve abre divergências
Autor: Magalhães, Camila de; Bernardes, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 05/05/2010, Cidades, p. 26

Apesar da falta de consenso, professores da universidade mantêm a paralisação. Categoria consegue retomar discussão com o governo federal e cobra mais engajamento da reitoria. Manifestação diante do CCBB: grevistas esperaram quase três horas por um assessor da Presidência A greve dos professores da Universidade de Brasília permanece até, pelo menos, sexta-feira. A continuidade da paralisação não é mais consenso na categoria. Durante assembleia geral na manhã de ontem, 233 votaram a favor da greve, 40 contra e sete se abstiveram. Ficou definido que até sexta, data do próximo encontro, os departamentos acadêmicos devem se reunir para demonstrar seus posicionamentos sobre a paralisação. Um dos argumentos mais fortes para a manutenção da greve foi o de que a unidade com os técnicos-administrativos é fundamental. A professora Patrícia Pinheiro, do curso de serviço social, salientou que é preciso pensar no coletivo para se tomar decisões acertadas. A coordenadora do curso de pedagogia, Cláudia Dansa, cobra uma posição mais firme da reitoria. ¿O reitor precisa comprar a ideia da crise de maneira mais ativa e fazer um confronto do que é a verdadeira autonomia universitária.¿ A educadora também defende que o Conselho Universitário (Consuni) tenha uma base mais mobilizada para unir todos os segmentos da universidade. Em contrapartida, muitos docentes estão desacreditados. Segundo a professora de engenharia mecânica Aida Alves Fadel, há um movimento para o retorno das atividades nos cursos de engenharia, matemática e geologia. ¿Os docentes não estão vendo efetividade no movimento de greve¿, explica. ¿Se sairmos da greve e abandonarmos os funcionários, a universidade estará fadada à barbárie institucional¿, acredita a professora Marcela Soares, de serviço social. O professor Claus Akira, de matemática, alerta para que os olhares se voltem para a crise institucional que se instalará após o término da greve. ¿Os funcionários vão perder um terço dos salários. É ilusão achar que a UnB continuará funcionando normalmente.¿ A discussão de questões futuras e a construção de uma agenda para administrar a crise que vem pela frente é o que prega o professor Antônio Seiben, da biologia.

Técnicos No caso dos servidores, não há indicativo de fim da greve. Eles também se reuniram ontem em assembleia geral, mas uma nova convocação ficou marcada para amanhã, às 9h, na Praça Chico Mendes, da UnB. ¿Não houve tempo para discutirmos direito a nossa situação. Vamos avaliar tudo o que está acontecendo para definir os rumos da greve. Os advogados também devem esclarecer melhor como será a questão judicial¿, afirma Cosmo Balbino, coordenador-geral do Sindicato dos Técnicos-Administrativos da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub). Balbino conta que a assessoria jurídica adiantou que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o corte salarial da categoria. O coordenador sindical adianta que os servidores buscarão apoio de parlamentares para fortalecer a luta pela manutenção dos salários. As assembleias de ontem terminaram com uma nova carreata até a sede provisória da Presidência da República, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Com faixas de protesto e apitaço, professores e servidores aguardaram por quase três horas que uma comissão do comando de greve unificado fosse atendida pelo assessor Manoel Messias, da Secretaria-Geral da Presidência. Hoje, às 10h, estudantes e professores farão ato contra a inauguração do câmpus do Gama sem a finalização da obra.