Título: Bancos vão ofertar mais crédito em 2006
Autor: Adriana Aguilar
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2005, Valor Especial / MICRO E PEQUENA EMPRESA, p. F3

Investimentos Instituições financeiras buscam clientes na área de turismo e em pólos industriais

Com base na expansão do volume de crédito destinado às pequenas empresas neste ano, as instituições financeiras consultadas já começam a reservar parte do orçamento para este segmento em 2006. Tudo indica que o volume será maior, segundo os bancos consultados. O Banco do Brasil (BB) tem buscado especialização e parcerias para atrair mais microempresários do segmento de turismo. Já o principal repassador de recursos do BNDES, o Bradesco, tem visitado pólos de micro e pequenas empresas, espalhados pelo Brasil, que tenham potencial de obter financiamentos. Neste ano, os empréstimos concedidos aos pequenos e micros empresários somaram R$ 2,2 bilhões no BB. Isso significa um aumento de 52%, até novembro, no volume emprestado para investimentos aos pequenos empresários ante os valores de 2004. O diretor da área de micro e pequena empresa do BB, José Carlos Soares, afirma que a instituição está concluindo o orçamento para 2006 com a projeção de aumentar o volume de financiamentos em torno de 33% sobre os empréstimos deste ano. O objetivo é continuar financiando aquisição de máquinas, equipamentos, obras civis, modernização ou ampliação da empresa. A linha Proger - com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) - é o carro-chefe entre as opções de empréstimos para investimentos no Banco do Brasil. Ela responde por cerca 60% de todo crédito concedido a micro e pequenos empresários do comércio, da indústria ou do turismo. Por meio do Proger, os projetos podem ser financiados em até 120 meses com Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que em novembro estava em 9,75% ao ano, mais 5,33% ao ano para empresas que faturam até R$ 5 milhões por ano O BB começou a dar uma atenção especial ao crédito para o segmento de turismo em 2003. Hoje, a demanda pelo Proger Turismo Investimento é a que mais tem crescido, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, diz Soares. Os empréstimos realizados aos microempresários por meio da linha Proger Turismo alcançaram o valor de R$ 21,34 milhões em 2004. Neste ano, até 14 de novembro, o valor total emprestado chegava a R$ 30,74 milhões. "A expectativa é fechar 2005 com cerca de R$ 40 milhões tomados pelos microempresários proprietários de hotéis, restaurantes, bares e pousada, agências de turismo", diz Soares. O Bradesco, no último trimestre do ano, anunciou uma parceria com o Sebrae Nacional com a intenção de ampliar o financiamento para investimentos e para capital de giro das pequenas empresas. Por meio da parceria, a instituição quer aprimorar a capacidade competitiva dos microempresários e, ao mesmo tempo, criar serviços e produtos bancários específicos para eles. A iniciativa tem uma explicação: o banco trabalha com projeção de crescimento da oferta de crédito, entre 20% a 25%, para as pessoas físicas, grandes e pequenas empresas para 2006. O crédito para micro e pequenas empresas cresceu 23,5% de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2004. Ou seja, em 2005, o Bradesco emprestou R$ 21,5 bilhões aos pequenos empresários contra R$ 17,4 bilhões no ano passado. Na posição de líder entre as instituições que repassam recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar os investimentos de pequenas empresas, o Bradesco até setembro deste ano já havia repassado R$ 2,871 bilhões ao mercado. "Desse total, cerca de 60% (R$ 1,721 bilhão) foi destinado aos pequenos empresários", diz o diretor executivo do Bradesco na área de empréstimos e financiamentos, Paulo Ísola. Uma das principais linhas usadas pelas microempresas é o Finame Automático Bradesco, credenciada no BNDES-Finame. Ela permite o financiamento à produção e à comercialização de máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional. Nessa linha, o empréstimo tomado pode ser pago em até 60 meses, com incidência da TJLP somada a outra taxa de juros que varia de 6% a 8% ao ano. A parceria com o Sebrae e com o BNDES resultou no maior envolvimento do Bradesco no projeto Arranjos Produtivos Locais (APLs) que conta com a participação de outras entidades, entre elas a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os APLs são pólos compostos por 3.130 micro e pequenas empresas distribuídas por 596 municípios do Brasil, como Ubá, Santa Rita do Sapucaí e Rio Verde do Mato Grosso, em Minas Gerais, Paragominas, no Pará, Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, e Vargem Grande do Sul, Ibitinga, Mirassol, Birigui e Limeira, em São Paulo. Na parceria, o Sebrae é o responsável pelos estudos das atividades dos pólos, repassados às entidades envolvidas no projeto. Juros menores também estão entre as principais explicações para a evolução crescente dos empréstimos concedidos pela Caixa Econômica Federal ao segmento de micro e pequena empresas. Na linha para investimento, chamada Investgiro, é cobrada TJLP mais juros de 6% ao ano. De janeiro a novembro deste ano, a Caixa emprestou R$ 1,16 bilhão a micro e pequenas empresas que buscavam recursos para investimentos. No total, quando somados capital de curto prazo e longo prazo, o volume total de empréstimos neste ano, até 14 de novembro, alcançou a cifra de R$ 16,23 bilhões na Caixa, o dobro do crédito concedido no ano passado, de R$ 8,83 bilhões. Para 2006, a área de financiamento a micro e pequena empresa da Caixa projeta o orçamento de R$ 26,85 bilhões para os empréstimos nesse segmento.