Título: PSDB teme que mudança na dívida vire armadilha
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2004, Política, p. A8

Os tucanos receiam que o pedido de renegociação da dívida de São Paulo seja uma armadilha para o prefeito recém-eleito José Serra. Na quarta-feira, a prefeita Marta Suplicy (PT) sugeriu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o pagamento da parcela de R$ 7 bilhões, que vence em maio de 2005, seja adiado por um ano. Caso contrário, a prefeitura poderá sofrer sanções previstas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Para o presidente estadual do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio, o pedido é uma tentativa de "remediar" a situação. "Isso é pedir para não aplicar a lei. É um equívoco. Muitas prefeituras se ajustaram ao longo do período. O gesto foi de quem tenta remediar, ao apagar das luzes, porque o adiamento não vai resolver o problema". O deputado Alberto Goldman é mais radical. "Ela fez uma confissão de que não vai cumprir a lei. Adiar por um ano não resolve e qualquer mudança que seja feita na LRF não vai acabar com a dívida." Para Goldman, dificilmente os senadores vão aprovar alterações na resolução, para aumentar o prazo. "A mudança mantém o pagamento da dívida como inviável. Nem vai chegar ao Senado." O deputado Walter Feldman antevê os obstáculos do próximo governo. "O maior problema é o déficit orçamentário. Isso preocupa até mais que a dívida. É bom reanalisá-la, mas não pode só querer jogar para a frente. A capacidade de investimento hoje é muito limitada. Essa gestão aumentou os tributos, conseguiu dar uma equilibrada, mas não resolveu". A dívida da cidade é de R$ 29 bilhões. O governador Geraldo Alckmin, contrário a alterações, mudou de posição quanto aos critérios de enquadramento na LRF depois da eleição. Apóia o adiamento e a mudança no indexador.