Título: Relação com a dívida deve aumentar
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2005, Brasil, p. A6

Com o crescimento mais fraco esperado para este ano, a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB deve voltar a subir, mesmo com um superávit primário superior à meta de 4,25% do PIB. Cálculos do consultor Alexandre Marinis, da Mosaico Economia Política, mostram que, com uma expansão de 2,5% da economia, um superávit primário de 4,8% do PIB e um câmbio de R$ 2,25 no fim do ano, a relação dívida/PIB deve terminar 2005 em 51,9%, acima dos 51,7% de 2004. Se o crescimento ficasse de 3,4%, como prevê o BC, o indicador ficaria em 51,4%. As estimativas de Marinis levam em conta uma Selic média de 19,15% ao ano e um IGP-DI de 1,47%. A inflação muito baixa acaba atrapalhando, porque o PIB nominal é corrigido com base no IGP-DI. As contas de Marinis mostram o forte impacto da política monetária sobre a relação dívida/PIB: a carga de juros nominais deve aumentar o indicador em 8,2 pontos percentuais neste ano, movimento que é contrabalançado pelo superávit primário, que o diminui em 4,8 pontos. O crescimento do PIB reduz a conta em mais 2,4 pontos e a valorização do câmbio, em 1,1 ponto. O reconhecimento de esqueletos ficais também atrapalha, contribuindo com 0,3 ponto. O resultado disso tudo é um aumento de 0,2 ponto percentual da relação dívida/PIB ante o resultado de 2004. O ideal, segundo economistas, seria reduzir essa relação para a casa de 40% ou menos. Nos países avaliados como mais seguros pelas agências de classificação de risco, o indicador é inferior a 30%.