Título: Demanda por bens de capital indica expansão, diz BNDES
Autor: Sergio Lamucci e Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2005, Brasil, p. A7

A desaceleração da indústria no terceiro trimestre foi determinada pelo rigor da política monetária e pela apreciação do câmbio, mas apesar da frustração há sinais positivos de retomada dados pelo empresariado. A análise partiu do diretor de Planejamento do BNDES, Antonio Barros de Castro. "A conjuntura combina refreamento macroeconômico com potencial de expansão", resumiu Castro ao divulgar, ontem, a Sinopse do Investimento, publicação feita pelo banco para servir como "termômetro" dos investimentos no país. Barros de Castro disse que, diante da relativa asfixia da economia, os industriais estão optando por melhorar a competitividade das fábricas, investindo em bens de capitais, e adiando obras de infra-estrutura. Ele disse que, em novembro, os financiamentos para bens de capital sem rodas, usados na produção industrial, cresceram 13% em relação a outubro, acumulando alta de 72% no ano. "Esse (o bem de capital sem rodas) é um barômetro inventado nesta casa que prova que os empresários estão investindo para aumentar a competitividade", disse Barros de Castro. O presidente do BNDES, Guido Mantega, que participou da divulgação da Sinopse do Investimento, acrescentou outro dado que aponta, segundo ele, para a recuperação no quarto trimestre. Ele afirmou que o desembolso do banco, em novembro, foi de R$ 6 bilhões, montante quase 130% maior do que o de outubro, de R$ 2,64 bilhões. De janeiro a novembro, o desembolso acumulado do banco soma R$ 40 bilhões. "Isso prova que a economia não está parada, deu uma desacelerada, mas voltará a acelerar no último trimestre", apontou. Mantega previu que o crescimento deverá ficar entre 2,5% e 3% no acumulado do ano e considerou "possível" a economia se expandir 4,3%, no último trimestre, para atingir o nível de 3% em 2005, segundo cálculos do IBGE. Mantega informou ainda que até o fim do ano o banco fará um lançamento de debêntures e fundos de recebíveis para reforçar o mercado de capitais. Ele avaliou que talvez tenha havido um "excesso de zelo" pelo Banco Central, na redução dos juros. Para Barros de Castro, uma queda acentuada dos juros é importante para deter o movimento de valorização do real. Ao falar do potencial da economia, lembrou que até 2010 existe uma demanda de investimentos de R$ 68 bilhões, dos quais somente uma parte será financiada pelo BNDES. "Esses são investimentos visualizados pelo banco para os próximos anos." Citando a Sinopse de Investimentos, analisou que o crescimento de 6,5% nos desembolsos de recursos do BNDES, no acumulado de janeiro a outubro, não é representativo para o conjunto dos setores. Isso porque os desembolsos para a indústria no período cresceram 40,7%, enquanto na agropecuária houve queda de 43%, na comparação com o período janeiro-outubro de 2004. Ele disse ainda que a produtividade industrial no Brasil tem crescido acima da produtividade dos quatro tigres asiáticos (Coréia, Taiwan, Cingapura e Hong Kong).