Título: BB ampliará crédito ao varejo em 46%
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2005, Finanças, p. C3

Estratégia Banco vai deslanchar carteira de financiamento de veículos e fará parcerias com redes de lojas

O Banco do Brasil (BB) pretende resolver dois pontos fracos, em 2006: aumentar o volume de ações negociadas em bolsa ("free floating") e entrar firme na área de financiamento ao consumo. Os anúncios foram feitos, ontem, na apresentação do banco à Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), de São Paulo. O BB tem atualmente apenas 6,8% de ações no mercado, depois que os acionistas minoritários ficaram de fora da grande operação de capitalização da década de 90. O Tesouro, que bancou toda a injeção de capital, diluindo a participação dos minoritários, ficou com 72,1%. Mas, o percentual de ações no mercado vai aumentar - e muito, espera o presidente do banco, Rossano Maranhão Pinto, - até o final do primeiro semestre, com o exercício de uma parcela dos antigos bônus de subscrição. Com isso, o "free floating" deve aumentar em 30%, estima o vice-presidente de finanças e relações com investidores, Aldo Mendes. Do final de março até o fim de junho, os acionistas que detêm os antigos bônus de subscrição da série B poderão exercê-lo pagando cerca de R$ 22 por ação, pela cotação do final de setembro. Pelo preço de mercado atual, isso já é um ótimo negócio uma vez que as ações (o BB só tem ordinárias no mercado) fecharam, ontem, a R$ 39,50. Cada bônus pode subscrever 1,04 ação. Se todos forem exercidos, serão cerca de 17 milhões de ações a mais no mercado diante das 55,1 milhões atuais para um capital total de 810,6 milhões. Há ainda a expectativa de que algum grande acionista do BB venda sua participação no mercado. Depois do Tesouro, o maior acionista do banco é o fundo de pensão de seus funcionários, a Previ, que detém 13,9%. O BNDESPar tem mais 5,8%. Na área de negócios, o BB pretende entrar firme no financiamento ao consumo. O banco fechou setembro com uma carteira de crédito de R$ 79,798 bilhões. Desse total, apenas R$ 16,092 bilhões foram emprestados a pessoas físicas, sendo R$ 1,198 bilhão no CDC consignado. Foram direcionados ao agronegócio R$ 25,666 bilhões; e a empresas, R$ 32,374 bilhões. Agora, o BB quer ampliar a fatia de crédito para pessoas físicas, negócio que mais cresce no mercado. Segundo o presidente do BB, a meta é aumentar em 46% a carteira de varejo no próximo ano, além dos 28% esperados para a carteira de crédito como um todo. Nos doze meses terminados em setembro, a carteira de crédito do BB aumentou 16,2%. excluindo as operações realizadas no exterior. O primeiro passo, disse Maranhão Pinto, será entrar no financiamento de veículos para clientes e não clientes, com a meta de chegar a R$ 2 bilhões até o final do ano. Outra estratégia será copiar outros bancos de varejo e selar acordos com redes de varejo. Como as principais empresas já arrumaram seus parceiros, o BB vai procurar as redes regionais, disse Maranhão. O BB acredita que, com sua "placa", disse Mendes, rapidamente conquistará lugar de destaque nesses mercados. Foi o que aconteceu no crédito consignado: o BB lançou a linha em março e já tinha uma carteira de R$ 3,6 bilhões. O vice-presidente de varejo, Antonio Francisco de Lima Neto, explicou que a linha de crédito consignado, apesar de proporcionar um spread baixo, reduz a inadimplência média, além de compensar o fato de a "carteira de varejo não ter crescido muito". Os analistas questionaram a opção do BB de crescer no financiamento de veículos, outra linha com baixo spread. Lima Neto informou que o spread do consignado é duas vezes menor do que o CDC tradicional; e o de veículos também é menor. No entanto, ponderou, há linhas com amplo compartilhamento de ganhos, o que acaba reduzido o retorno para o banco. O CDC em parceria com lojas e o financiamento de veículos em revendas são dois exemplos.