Título: IBGE defende metodologia e afirma que não houve mudança no levantamento
Autor: Denise Neumann
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2005, Brasil, p. A4

O IBGE exorcizou na sexta-feira as críticas a sua metodologia de cálculo do PIB, visando transformá-la na vilã da forte derrapada da economia no terceiro trimestre. O presidente da instituição, Eduardo Pereira Nunes, além de soltar nota onde reafirmou o resultado do PIB, dizendo que "refletia os fatos econômicos dos últimos meses", tomou a iniciativa de procurar a direção do Banco Central, que segundo os jornais, estaria desqualificando o trabalho do instituto. Os dirigentes do BC e o próprio presidente, Henrique Meirelles, com quem Nunes conversou, afirmaram que, em nenhum momento o banco fez qualquer tipo de declaração contra o IBGE, nem sobre a metodologia de cálculo do PIB. Segundo Nunes, a metodologia do IBGE não sofreu nenhuma alteração recente. "O PIB do terceiro trimestre é coerente com a metodologia que a instituição utiliza há anos", afirmou. "A metodologia é de domínio público, conhecida do do Planejamento, da Fazenda e do BC." Acrescentou que, "quando ocorre algum tipo de mudança, avisamos com antecedência". O presidente do IBGE buscou esclarecer as dúvidas que os críticos levantaram em relação ao cálculo de alguns setores de atividade medidos pelo PIB, tanto do lado da oferta, como o caso da agropecuária, quanto da demanda, caso do consumo do governo e do investimento. No caso da agropecuária, setor que apresentou queda de 3,4% no PIB trimestral com ajuste sazonal, o cálculo, explicou, é feito trimestralmente, apurando-se a produção das safras do período. Nunes lembrou que o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE apontava quebra de safra este ano, e portanto não havia porque se surpreender com a queda da agropecuária no terceiro trimestre. No acumulado do ano, porém, a taxa é positiva em 1,5%, e no acumulado de quatro trimestres, a variação é de 1,8%. Em relação ao consumo do governo, que teve queda de 0,4% no ajuste sazonal, Nunes explicou que o cálculo do comportamento do setor para o PIB se baseia no volume de ofertas de serviços públicos. No terceiro trimestre, foi divulgado o resultado do Censo Escolar, que indicou a queda de matrículas no ensino público. Esse número foi adicionado às contas nacionais. Em resposta aos que criticam o peso dado pelo IBGE à construção civil (60%) no cálculo da formação bruta de capital (que mede o investimento), Nunes afirma que "o peso da atividade na formação bruta de capital continua predominante na equação. Segundo ele, "a atividade da construção civil está fraca há algum tempo, e no terceiro trimestre caiu 1,9%". O presidente do IBGE reforçou tambem a informação de que não houve alteração na forma de dessazonalização do PIB. Sobre a variação de estoques, que teria influído no resultado, Nunes afirmou que o IBGE não divulga a variação, que é medida ao se confrontar os números de produção do lado da oferta do PIB (indústria, agropecuária e serviços) com os da demanda (consumo e investimento, e exportações e importações). O que sobrar desse confronto é estoque. No terceiro trimestre, foi verificada grande sobra de estoques, o que influiu diretamente na taxa positiva do consumo das famílias e no resultado do comércio. Em consequência, por estar estocada, a indústria produziu menos .