Título: PT-SP aprova prévias e veta restrições à política de alianças
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2005, Política, p. A6

O primeiro encontro petista depois da cassação do ex-deputado José Dirceu deu uma vitória e uma derrota ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro estadual do PT de São Paulo, o presidente foi vitorioso com o veto a emendas que propunham alterações radicais na economia e restrições na política de alianças. A derrota ficou por conta da aprovação das prévias para a escolha do candidato petista ao governo do Estado. Depois de ter sido o principal avalista de Lula no PT, Dirceu continua com aliados estrategicamente colocados na seção paulista do partido, como o presidente do diretório estadual, Paulo Frateschi. Defensor moderado de mudanças na política econômica, Frateschi foi vitorioso com o texto aprovado. O documento será levado ao encontro nacional do partido, em 2006, que definirá o programa de governo para a campanha presidencial. Também foram escolhidos os delegados paulistas que votarão no encontro. Além dos vetos às propostas de mudanças, o encontro estadual definiu a prévia em São Paulo para 07 de maio, caso não haja consenso até março entre os postulantes Aloizio Mercadante, senador, e Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo. Durante a eleição interna do PT para escolha da nova direção nacional, o nome de José Dirceu foi retirado da chapa do Campo Majoritário por pressão do então presidente da legenda Tarso Genro e de seus aliados, como Mercadante. Dirceu deixou claro sua insatisfação. "Não aceitei ser excluído e ser suplente. Mas não posso julgar", afirmou Dirceu, depois de dizer que tem "total afinidade com Marta" e ter "poucas diferenças" com Mercadante. O ex-deputado nega ter mágoas de quem foi contra ele, mas o senador não deverá ter o apoio que teve em outras eleições. "Antes apoiei Mercadante, agora não acho correto declarar meu apoio. Vou atuar como militante". Tanto Marta quanto Mercadante não perdem de vista o apoio de João Paulo Cunha. O deputado era um dos postulantes ao governo do Estado até ser citado no esquema de corrupção envolvendo petistas e aliados ao governo federal. Sua base eleitoral está concentrada na região metropolitana de São Paulo e ele tem grande articulação com vereadores e prefeitos do interior. Os martistas tentarão explorar uma rusga entre o senador e o deputado, gerada quando Mercadante foi reticente sobre a possibilidade de reeleição do presidente da Câmara, vaga então ocupada por João Paulo. Na campanha que tem feito pelo interior, Marta Suplicy usa as vitrines de sua administração (2000-2004) nas áreas de educação e de transporte. Disse estar 24 horas à disposição para percorrer os municípios e centrará sua campanha na capital na reta final. Já Mercadante conta com a lembrança dos eleitores dos pleitos anteriores. "Fui eleito com 10,5 milhões de votos, 3 milhões a mais que (Geraldo) Alckmin para governador. Enquanto Marta estava no mandato eu andei o estado todo. Em 2004 visitei mais de 200 municípios e minha relação com a militância é antiga", comentou Mercadante. O PT chegou apenas uma vez, em 2002, ao segundo turno na disputa pelo governo do Estado. O presidente estadual da sigla, aponta que uma das estratégias é buscar o apoio da classe média e definir com clareza as políticas públicas que pretendem implementar.