Título: Cristino, Vânia
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2010, Política, p. 4

Derrota custará R$ 2,1 bi

Aumento do reajuste para 7,71% elevará ainda mais o rombo da Previdência Social, que chegou a R$ 6,7 bilhões em março

O incremento de 1,57 ponto percentual no reajuste das aposentadorias e das pensões acima do salário mínimo, aprovado pela Câmara dos Deputados, que elevou o percentual de 6,14% para 7,71%, implicará numa despesa adicional de R$ 2,1 bilhões este ano. A conta foi feita pelo ex-ministro da Previdência Social José Cechin, que ficou no cargo entre março e dezembro de 2002, no fim da gestão de Fernando Henrique Cardoso. Pode parecer pouco, mas como a despesa é permanente e feita em cima de uma conta deficitária, significa a ampliação rápida do deficit da Previdência Social. Mensalmente, a Previdência gasta mais de R$ 18 bilhões com o pagamento de 23,5 milhões de aposentarias e pensões. Cerca de dois terços dos segurados recebem um salário mínimo. Nesse caso a despesa é da ordem de R$ 7,7 bilhões. Os demais, em menor número, recebem acima do mínimo. O gasto, no entanto, é maior, de mais de R$ 10,4 bilhões. As aposentadorias e pensões de valor igual ao mínimo foram beneficiadas, nos últimos anos, com reajustes acima da inflação. Os demais benefícios receberam, no mesmo período, reajuste de acordo com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A lei, nesse caso, determina que o reajuste seja feito para preservar o poder de compra do valor do benefício.

Salário mínimo No ano passado, mediante acordo com as centrais sindicais, o governo resolveu ser generoso. Além do reajuste do salário mínimo ¿ equivalente à inflação do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos atrás ¿ foi incluído um aumento real para os benefícios acima do salário mínimo, equivalente à metade do PIB de dois anos atrás. Por essa matemática se chegou ao percentual de 6,14%. Com a expectativa de crescimento do PIB e a proximidade das eleições, o cenário passou a ser favorável à pressão dos aposentados. E eles aproveitaram o momento para obter um ganho maior, o que acabou sendo consumado na votação na Câmara dos Deputados, e que deve ser confirmado pelo Senado Federal. A conta, como sempre, vai cair no colo do contribuinte. Cabe ao Tesouro Nacional cobrir o rombo da Previdência Social toda vez que a arrecadação não é suficiente para o pagamento dos benefícios. Isso acontece todo mês. Só em março, o deficit da Previdência Social foi de R$ 6,7 bilhões, bem acima dos R$ 3,7 bilhões registrados em fevereiro.

PSB com Dilma

Uma semana depois de decidir retirar a candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República, o comando nacional do PSB se reuniu com a cúpula do PT e a candidata Dilma Rousseff para anunciar seu apoio e apresentar uma lista de pedidos. Além de assento na coordenação da campanha, o PSB deseja voz ativa na elaboração do programa de governo e, ainda, tratamento igualitário a todos os candidatos a governador nos estados onde houver mais de um palanque de apoio à candidatura petista. ¿Onde tiver um candidato vestindo a camisa dela, esse candidato deve ser considerado. É preciso que a campanha seja de todos e não apenas de alguns partidos¿, cobrou o presidente do PSB, Eduardo Campos. Ele afirmou ainda que o PT precisa ter clareza de que ¿a candidatura não é do PT, é de uma frente¿. E foi incisivo: ¿Lula só conseguiu ser presidente porque detinha o apoio de uma frente. O PT por si só não é suficiente para ganhar¿. Uma das preocupações dos socialistas é com a voracidade do PMDB no que se refere à influência num futuro governo. Por isso, desde já, ele avisou: ¿É preciso construir um programa que não fique só entre PT e PMDB. É preciso ampliar porque a estrutura (de campanha) vai além dos dois partidos¿. O PSB, cujo 21 deputados votaram pelo fim do fator previdênciário, fechará algumas sugestões para esse programa num encontro em 21 de maio, para já deixar claro o apoio à petista. Ao sair do almoço com a cúpula do PSB, Dilma apenas agradeceu o apoio e elogiou Ciro Gomes, que não estava presente. ¿Respeito, admiro e tenho a maior consideração pelo deputado Ciro Gomes. Sempre estivemos do mesmo lado¿, disse Dilma, que foi evasiva quando perguntada se iria procurá-lo. ¿Farei sempre questão de procurar Ciro¿, disse.