Título: Superávit primário é maior que 5% do PIB
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2005, Finanças, p. C2

A queda de 1,2% do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre traz uma outra surpresa: na verdade o esforço fiscal do país neste ano também será maior do que os números mostravam até agora. Em relação ao PIB, o superávit primário fiscal (sem juros) estava em 5,2% em setembro e 5,1% em outubro antes da divulgação da queda no trimestre. Agora, os R$ 97,8 bilhões acumulados em 12 meses em setembro e R$ 98,2 bilhões em outubro vão representar porcentagem maior, que pode se aproximar dos 6%, calcula o economista-chefe para América Latina do WestLB, Ricardo Amorim. Isso significa que se o governo federal quiser mesmo gastar o superávit excedente de forma que o percentual se aproxime da meta de 4,25% do PIB terá de ser ainda mais agressivo. Apesar de todo esse esforço fiscal, no entanto, o país vai terminar o ano com a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB maior do que os 51,7% do final do ano passado. A manutenção dos juros reais médios em níveis elevados fez com que o governo pagasse até outubro R$ 133,5 bilhões em juros, certamente mais do que os 8,4% do PIB anunciados anteriormente, antes de o IBGE divulgar os dados do terceiro trimestre. Se quisesse reduzir essa relação dívida/PIB com os juros nos níveis atuais, o país precisaria de um esforço fiscal ainda maior. Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Adviser, considera que a relação dívida/PIB vai subir dos 51,7% de dezembro de 2004 para 54% no final deste ano. Adauto Lima, economista do WestLB, reviu suas projeções para 52,4%. Por enquanto, Daoud e Lima consideram que o BC vai reduzir os juros em 0,5 ponto percentual, para 18% ao ano, em sua reunião de 14 de dezembro. No dia 9, os números do IPCA de novembro serão determinantes para definir a tendência das taxas básicas Selic. No mercado futuro, os juros dos Depósitos Interfinanceiros projetados para janeiro de 2006 foram de 18,11% ao ano na sexta-feira, na comparação com os 18,11% do dia anterior e dos 18,20% da última sexta-feira de novembro. Já os contratos mais negociados, de janeiro de 2007, foram a 16,63% ao ano, queda na comparação com os 16,66% do dia anterior e os 16,92% da última sexta-feira de novembro.

BC faz sétimo leilão de swap reverso desde novembro

O dólar deve manter sua tendência de depreciação, apesar de o BC demonstrar seu descontentamento com a taxa de câmbio atual com mais um leilão de swap reverso que vai realizar hoje, de 12.500 contratos, mais do que US$ 600 milhões. No leilão de swap reverso, o BC compra dólar no mercado futuro. Desde que voltou a fazer esse tipo de operação, em novembro, o BC já fez seis leilões e comprou quase US$ 3 bilhões no mercado futuro. No mercado à vista, em novembro, as compras totais do BC foram estimadas em US$ 4 bilhões pelos bancos. Sem swap reverso, na sexta-feira, o dólar foi a R$ 2,2090, queda de 0,54% no dia, 1,12% na semana e de 16,77% no ano. O risco-Brasil atingiu um novo nível recorde de baixa, a 325 pontos básicos, em queda de 1,52% no dia, de 4,97% na semana e de 15,14% no ano.