Título: Acordo com chineses avança na área têxtil
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2005, Brasil, p. A6

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, terá uma reunião com o ministro do Comércio da China, Bo Xilai, na próxima semana em Hong Kong, para discutir o acordo de autolimitação das exportações chinesas para o Brasil. O encontro acontece à margem da reunião ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC). Será mais uma etapa das negociações entre os dois países, que começaram em setembro, com a ida de uma missão brasileira a Pequim. Nas últimas duas semanas, uma missão chinesa, liderada pelo vice-ministro de Comércio e Indústria, Gao Hucheng, esteve em Brasília. Segundo Furlan, a reunião com Hucheng se estendeu até o sábado de manhã. As negociações avançaram de na área têxtil e um esboço do acordo está sendo submetido à Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). "Não vamos fazer um acordo de autolimitação sem que o setor interessado tenha participação efetiva", garantiu Furlan. Ele não espera fechar o acordo durante a reunião com Bo Xilai e já planeja mais uma visita dos técnicos brasileiros a Pequim no início de 2006. Furlan, que embarca no sábado para Hong Kong, reconhece que a expectativa para a reunião ministerial da OMC "não é otimista", mas diz que o governo brasileiro está fazendo um forte esforço para que haja avanço nas negociações. Ele mencionou as sinalizações do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao ministro das Finanças do Reino Unido, Gordon Brown, de que o Brasil estaria disposto a melhorar sua oferta industrial desde que haja contrapartidas na agricultura. Furlan ressaltou, porém, que não basta reduzir as tarifas de importação para dar competitividade à economia brasileira. Em sua opinião, o setor produtivo brasileiro precisa de "isonomia" para competir mundialmente com a redução da burocracia e das taxas de juros. "Defendo o mesmo que o Palocci. Só que, do ponto de vista da produção, a isonomia tem que ser mais ampla e não apenas em tarifas de importação", afirmou ontem, em São Paulo, após um seminário para empresários japoneses. Furlan também voltou a comentar os recentes resultados negativos da economia, com a queda de 1,2% Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre ante o segundo na série livre de influências sazonais. O ministro estranhou que as exportações não tenham contribuído de forma mais significativa para o desempenho do PIB. Segundo o IBGE, as exportações aumentaram 1,8% no terceiro trimestre ante o segundo, sem influências sazonais, e as importações subiram 1,4%. Apesar do desempenho positivo, esses itens também demonstraram desaceleração. No primeiro trimestre do 2005 ante o quarto trimestre de 2004, as exportações cresciam 4,4% e as importações, 3,6%. "Imagino que o impacto das exportações no emprego e na produção seja um número relevante. Aparentemente, no terceiro trimestre, no qual as exportações cresceram 20% em relação ao mesmo período do ano passado, o retrato ficou diluído", afirmou Furlan. Para o ministro, existe um "paradoxo" na economia brasileira, porque o lucro das companhias brasileiras está aumentando, mas permanece um clima de "desânimo". O ministro atribui o pessimismo do empresariado à crise política.