Título: Azaléia fecha unidade no RS e demite 800 funcionários
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2005, Empresas &, p. B6

A queda nas exportações provocada pela valorização do real, as escassas perspectivas de reversão do quadro em 2006 e a incapacidade do mercado interno de compensar as perdas com os embarques ao exterior levaram a Calçados Azaléia, de Parobé, a desativar uma unidade em São Sebastião do Caí, a 59 quilômetros de Porto Alegre. A fábrica tinha capacidade para produzir 10 mil pares de tênis da marca Olimpikus por dia e a medida provocou a demissão de 800 pessoas, o equivalente a 10% do quadro de funcionários da empresa no Rio Grande do Sul e a 4,4% dos empregados em todo o país. Segundo o presidente da companhia, Antônio Britto, a unidade desativada vinha operando com prejuízo há 18 meses na esperança de recuperação das cotações do dólar e da rentabilidade das exportações. Ele também cobrou do governo federal a aplicação de salvaguardas contra os calçados chineses, que concorrem em condições desiguais com os produtos brasileiros no país e no exterior. Enquanto os tênis Olimpikus são vendidos a US$ 11 no mercado externo, depois de um reajuste da ordem de 15% nos últimos 12 meses para compensar parte da valorização do real, a China cobra US$ 6 a US$ 7 por um calçado similar. " Estamos exportando empregos para a China " , protestou. Britto disse que o aumento da carga tributária brasileira, com a elevação do PIS e da Cofins, mais a pirataria e o contrabando, que dominam cerca de 30% do mercado doméstico, também contribuíram para o fechamento da unidade gaúcha. No total a Azaléia tinha 28 fábricas, sendo cinco no Rio Grande do Sul, 18 na Bahia e cinco em Sergipe, com uma capacidade instalada total de 170 mil pares de calçados femininos, infantis e tênis (incluindo a marca Asics) por dia. O volume equivale a uma capacidade de 37,4 milhões de pares por ano, mas em 2005 a produção deve ficar abaixo dos 35,6 milhões de pares de 2004 (sendo 9 milhões para exportações). Até setembro, a Azaléia fabricou 24,3 milhões de pares, com recuo de 5,1% sobre o mesmo período de 2004, mas aumentou a receita bruta em 1,4%, para R$ 724,4 milhões, graças ao melhor desempenho do mercado externo - mas ainda assim insuficiente para cobrir as perdas no exterior. No mesmo intervalo, as exportações caíram de R$ 176,9 milhões para R$ 152,3 milhões. Conforme Britto, a desativação da fábrica gaúcha, classificada por ele como de porte " médio " , é suficiente para ajustar as operações ao cenário projetado para 2006. Ontem a Azaléia divulgou nota garantindo que os funcionários afastados serão " prioritariamente " chamados para ocupar futuras vagas no Estado. Eles participarão de programas de treinamento, receberão apoio para recolocação no mercado de trabalho e permanecerão com direito a atendimento em emergências médicas durante três meses. A empresa se dispõe a oferecer " recursos materiais " ao sindicato para distribuição de cestas básicas aos demitidos.