Título: CVM investiga corretoras e investidores
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 07/12/2005, Política, p. A7

Pelo menos 21 corretoras (das 50 listadas pela CPI dos Correios) e investidores que teriam se beneficiado de aplicações suspeitas dos fundos de pensão já vêm sendo investigadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por "operações atípicas" feitas na Bovespa e na Bolsa Mercadorias & Futuros, segundo relatório preparado pelo deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), apresentado ontem à CPI Mista dos Correios. Entre 2000 e 2004, a CVM detectou possíveis irregularidades praticadas pelas mesmas corretoras que negociaram derivativos e títulos públicos para os fundos. De acordo com o relatório, o órgão regulador encontrou indícios de lavagem de dinheiro na Laeta e na Bônus-Banval, empresa de Enivaldo Quadrado investigada pela CPI por receber recursos das contas de Marcos Valério. A CVM também suspeita de repasse de informações privilegiadas a outras duas corretoras - Noinvest e Fator-Dória - para operações na Bovespa. Existem ainda investigações sobre manipulação do mercado (descritas como criações artificiais de condições) por parte da Laeta, da Ipanema, da Cruzeiro do Sul, da Fair, da Bônus-Banval e do empresário José Carlos Batista, sócio "laranja" da corretora Guaranhuns, tida como uma das fontes de distribuição de verbas ao PL. Baseado em informações repassadas pela CVM, o relatório cita ainda "operações atípicas" em transações "day trade" das corretoras Laeta, da Bônus-Banval, São Paulo, Noinvest e por investidores Chistian de Almeida Rego (filho do doleiro Haroldo Pororoca), Lúcio Funaro (doleiro de São Paulo suspeito de ser o verdadeiro dono da Guaranhuns), Cristiano Costa Beber e Rogéria Beber. Considera-se "day trade" a operação ou a conjugação de operações iniciadas e encerradas em um mesmo dia, com o mesmo ativo, em que a quantidade negociada tenha sido liqüidada, total ou parcialmente. Na apuração do resultado da operação "day trade" são considerados, pela ordem, o primeiro negócio de compra com o primeiro de venda ou o primeiro negócio de venda com o primeiro de compra, sucessivamente. No caso de transações intermediadas pela mesma instituição, é admitida a compensação de perdas incorridas de "day trade" feitas no mesmo dia. De acordo com o relatório, que não especifica nem cita detalhes das "operações atípicas", existem ainda suspeitas pela CVM de manipulação de mercado pelas corretoras Tufa, Euro, Quality e Nominal. (DR)