Título: Gabrielli afirma que não pode ser criticado por ter opinião
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2005, Política, p. A8
Impressionado com a repercussão de suas críticas à política econômica brasileira, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, defendeu seu direito de manifestar suas opiniões sobre o assunto na noite de terça-feira. Em um jantar informal com jornalistas, o economista Gabrielli, que é professor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), onde era pró-Reitor de Pesquisa e pós-graduação, lembrou que tem 30 anos de estrada e que apenas "está" presidente da Petrobras. Por isso acha que não tem que esconder suas opiniões. "Me cobrem se eu fizer qualquer coisa na Petrobras que seja partidário. Mas não por minhas opiniões", enfatizou. Voltou a lembrar que mencionou o assunto na segunda-feira em referência à música do Aldir Blanc e do João Bosco, "O Bêbado e o Equilibrista", dizendo que falou em um contexto onde pretendia mostrar as dificuldades de administrar uma empresa no Brasil com investimentos no exterior tendo que lidar com incógnitas como a taxa de câmbio, a taxa de juros e incertezas tributárias. A Petrobras tinha R$ 21 bilhões em caixa quando divulgou o balanço do terceiro trimestre, e Gabrielli voltou a repetir que se referia à dificuldade de se tomar decisões empresariais no atual ambiente macroeconômico. Na terça-feira à tarde, Gabrielli afirmou que a meta de inflação é "uma meta de estabilidade exclusiva", enquanto o Sistema Central de Reservas Americano (FED) tem pelo menos dois grandes objetivos: estabilidade da moeda e a geração de empregos. Mas evitou responder se a seu ver faltava algo na política adotada pelo Banco Central (BC). Quando questionado sobre sua participação, como presidente da maior estatal brasileira, no programa do Partido dos Trabalhadores (PT), Gabrielli frisou que gostaria de ser condenado se tivesse favorecido o PT em qualquer ato de gestão, "mas não por ter opinião", repetiu.