Título: Dilma retoma ofensiva, mas diz que Palocci não sai
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2005, Política, p. A8
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a criticar ontem a política de juros aplicada no Brasil, responsável, segundo ela, pela retração do PIB no terceiro trimestre. Dilma, porém, preferiu desta vez amenizar os ataques, apostando na retomada do crescimento do PIB no último trimestre e em 2006. "O que nós temos certeza é que há todas as condições para que, no ano de 2006, haja um crescimento sustentado da economia acima de 4%", disse. Segundo a ministra, esse resultado se torna mais concreto a partir da sinalização de que o BC vai reduzir os juros a partir de agora. "Obviamente essa diminuição da taxa de juros permite várias coisas, como a valorização do câmbio e obviamente também uma política de superávit fiscal menos intensa". Dilma lembrou a herança deixada pelo governo anterior, com uma inflação crescente, uma relação dívida/PIB elevada e um nível de desconfiança industrial e financeiro altíssimos. "Se você tiver uma situação de juro menor, crescimento do PIB maior, crescimento da economia acelerado, no futuro você terá a possibilidade de ter uma situação fiscal muito melhor, fazendo o mesmo esforço fiscal", defendeu a ministra. A ministra não quis entrar em atrito com a equipe econômica. Afirmou que não viu a entrevista do presidente do BC, Henrique Meirelles, defendendo a política de juros. E lembrou que o presidente Lula já avisou que não "há hipótese de Antonio Palocci ser afastado do governo". Quanto ao superávit primário, que a colocou em rota de colisão com Palocci, Dilma espera mudanças na meta para o próximo ano, se o PIB continuar a crescer e os juros, a cair. "Nós temos sempre a expectativa otimista". (PTL)