Título: Palocci faz ofensiva para dialogar com empresários
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2005, Brasil, p. A4

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, iniciou ontem uma ofensiva para tentar reabrir os canais de diálogo com o setor empresarial, que tem feito severas críticas à rigidez da política econômica. Nessa tentativa, Palocci esteve ontem em São Paulo, onde se encontrou com os presidentes da Federação e do Centro da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Skaf e Cláudio Vaz, respectivamente, e com executivos da indústria automobilística. Com Skaf, o ministro esteve reunido durante cerca de três horas. Segundo o presidente da Fiesp, a reunião, que contou com a presença de vários empresários, funcionou como um grupo de trabalho e tratou de questões econômicas como juros, inflação e câmbio. Nova reunião foi marcada para a próxima semana, no Ministério da Fazenda, em Brasília. A indústria paulista pretende trabalhar junto com o governo em questões como a reforma cambial, e no que Skaf define como "choque de gestão" nos gastos públicos. Palocci também esteve com o presidente do Ciesp, Cláudio Vaz. Segundo relato do dirigente empresarial, o ministro disse que o pior já passou na economia e na crise política. Palocci acredita que a economia apresentará números positivos no quarto trimestre, porque, segundo ele, o país já pagou o preço do arrocho causado pelas altas taxas de juros, necessárias para a inflação convergisse para a meta estipulada pelo Banco Central. Já para os executivos da indústria automobilística, com os quais almoçou, Palocci pediu paciência em relação à expectativa de queda de juros. "Devemos ter paciência para que esse movimento seja consistente com o controle da inflação", disse aos executivos, que quiseram ouvi-lo num momento em que vão preparar orçamentos e investimentos para o próximo ano. "Temos que verificar se o esforço compensa", destacou o ministro. "Se é verdade, e é verdade, que o controle da inflação tem um custo para o país, a inflação tem um custo maior", disse. Mas, segundo o ministro, os fundamentos possibilitam a tendência de uma taxa Selic declinante. Sobre as declarações do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de que o governo não tem projeto de longo prazo para o país, Palocci disse que vai telefonar para o ministro Furlan "e dizer para ele não perder o ânimo". "Fiquei preocupado com o fato de o ministro estar desanimado. Furlan tem desempenho importante no resultado das contas externas; ele é o ás de ouro do governo."