Título: Marinho reforça críticas à manutenção dos juros
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2005, Política, p. A6

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, é mais um integrante do governo a criticar a taxa de juros adotada pelo governo federal. Após cerimônia de erradicação do trabalho escravo, realizada ontem no Palácio do Planalto, Marinho defendeu a redução imediata das taxas Selic e TJLP, afirmando que essas são medidas esperadas pelo "PT, pela sociedade e pelo setor produtivo". As duas taxas estão sendo discutidas nas reuniões do Copom (que se encerra hoje) e do Conselho Monetário Nacional (que acontece na quinta, respectivamente). Para Marinho, as duas reuniões são importantíssimas para a retomada do desenvolvimento brasileiro. "As decisões do CMN e do Copom têm que responder à essa expectativa", cobrou o ministro. Para ele, as críticas feitas em Hong Kong pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, dizendo "que o país está desanimado, paralisado e o governo, sem objetivos", refletem o ânimo do mercado e da indústria. "Nós, evidentemente, necessitamos de uma redução da Selic e da TJLP. Já falei demais", brincou ele. A taxa Selic está hoje em 18,5% ao ano e a TJLP, cobrada nos financiamento do BNDES, tem se mantido constante em 9,75% desde abril de 2004. Marinho não vê qualquer problema na resolução aprovada pelo Diretório do PT no fim de semana, defendendo a imediata redução da Selic. "Não vamos fazer marola, a resolução está em sintonia com o que eu acabei de dizer. Nós necessitamos colocar um ritmo de crescimento na economia maior do que o atual". O ministro do Trabalho vincula essa arrancada rumo ao crescimento nas decisões do Copom e do CMN. "Temos condições de crescer e vamos crescer. Estou convicto de que 2006 está mais para 2004 do que para 2005. Vamos crescer no próximo ano 5%. Mas isso depende das decisões de agora", reforçou o ministro. Mais cedo, durante cerimônia do Dia do Marinheiro, o vice-presidente da República, José Alencar, foi irônico ao comentar as críticas do PT à política econômica do governo. "Eu comecei antes", disse, em tom de blague.