Título: Balanço da Docas veio atrasado e com ressalvas
Autor: Cláudia Schüffner e Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2005, Empresas &, p. B4

A Docas Investimentos aparece na lista, divulgada em julho pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de empresas que estavam há mais de seis meses atrasadas quanto à divulgação de informações ao mercado. À época, o último balanço entregue pela companhia de Nelson Tanure era o de 2003. A autarquia, que fiscaliza o mercado de capitais, divulga semestralmente a relação de inadimplentes. O objetivo, informa, "é alertar aos investidores e ao público em geral que considerem essa informação nas suas relações com as citadas companhias, ou nas suas decisões de investimento". A Docas, que no comunicado sobre o acordo para a compra da Varig diz ter intenção de implementar "as melhores práticas de governança corporativa" na companhia aérea, só entregou o balanço de 2004 em meados de outubro deste ano - quando as outras empresas já estavam divulgando os relatórios do terceiro trimestre de 2005. O balanço atrasado veio com um prejuízo de R$ 23,1 milhões, um aumento de 78% em relação à perda de 2003, apesar de a receita operacional ter dado um salto de 90%, para R$ 219 milhões. Foi a área de mídia - que engloba os diários "Gazeta Mercantil" e "Jornal do Brasil" - que impulsionou o crescimento: a receita mais que dobrou para R$ 185,6 milhões. No entanto, o segmento também fechou no vermelho, de R$ 14,3 milhões. O parecer do auditor Alonso, Barreto & Cia. que acompanha o balanço traz duas ressalvas (indicações de erros). A primeira está relacionada com a "impossibilidade de avaliar a adequação dos saldos de direitos e obrigações registrados pela sua controlada Editora JB S.A., representados por contratos de permuta". A segunda refere-se, entre outras coisas, à ausência de provisão para perdas com despesas diferidas, elevados prejuízos e alto endividamento vencido de natureza tributária da coligada Multiportos Operadora Portuária. Segundo o parecer, a situação compromete "significativamente a posição patrimonial e financeira da empresa, pois [esta] apresenta deficiência de capital de giro e prejuízo operacional". Para o auditor, a continuidade normal das operações depende "do equacionamento de passivos, da obtenção de rentabilidade futura nas operações e/ou do ingresso de recursos por parte dos acionistas".