Título: Redução dos juros ainda mantém atrativa a aplicação em fundos DI
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2005, Finanças, p. C2

A decisão do Copom de hoje deve mexer com as aplicações, especialmente se o corte for superior ao 0,5 ponto projetado pela maioria dos analistas. Se a redução de 0,75 ponto esperada por alguns se confirmar, a reação do mercado de juros deve ser forte, beneficiando os aplicadores em fundos de renda fixa, que têm papéis prefixados, além de CDBs e LTNs. Já a bolsa pode se animar ainda mais com a expectativa de retomada mais acentuada da economia, diz Alexandre Vitorino, da Votorantim Asset Management. O dólar também poderia subir, mas num movimento de curto prazo, afirma, uma vez que as condições da balança comercial e dos juros não indicam grandes altas para a moeda americana. A maior probabilidade, porém, é de que o corte fique mesmo em meio ponto, diz Vitorino. Nesse caso, os fundos DI continuariam sendo atrativos para o investidor, uma vez que os juros reais se manterão altos por mais tempo. Para as ações, o impacto do corte de 0,5 ponto não seria tão grande, mas não atrapalharia a marcha do Ibovespa para os 40.000 pontos estimados pela Votorantim para o ano que vem. "O lucro das empresas está em um nível bom este ano e, em 2006, a economia deve crescer entre 3% e 3,5%, o que vai garantir maior rentabilidade para as companhias", afirma ele, acrescentando que o interesse do investidor estrangeiro por ativos brasileiros deve continuar puxando os preços das ações locais. Parte dos investidores trabalha no mercado futuro de juros com a redução de 0,75 ponto, diz Luiz Eduardo Mello, diretor da Fator Corretora. Mas pelo perfil conservador do Copom, afirma ele, o mais provável é de que a queda seja de 0,5 ponto, o que pode provocar um pequeno ajuste dos contratos futuros. "Talvez ele fique mais confortável para reduzir mais a taxa em janeiro, com sinais de inflação menor", diz Mello. Caso essa queda maior se confirme neste mês ou no próximo, as taxas prefixadas seriam atrativas, pois trabalham com a queda dos juros no ritmo de meio ponto a cada mês. Ontem, a taxa prefixada de um ano no mercado futuro estava em torno de 16,5%. "Mas o investidor precisa acredita que a queda vai ser mais forte que isso e, se houver algum percalço no meio do caminho, o ganho pode ser menor que o DI", alerta Mello.