Título: Lula indica quatro diretores para a Anac
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2005, Brasil, p. A2

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou quatro dos cinco diretores que vão compor a nova Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A sabatina deles está prevista para a manhã de hoje, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, mas a oposição protestou contra as indicações e ameaça impor uma derrota ao governo se os nomes forem colocados em votação. Os oposicionistas criticam o perfil dos escolhidos. Conforme o Valor havia antecipado, o Planalto escolheu o engenheiro Milton Zuanazzi, atual secretário de políticas de turismo do Ministério do Turismo, para a chefia da agência. Ele foi indicado pelo ministro Walfrido Mares Guia e ganhou o apoio de 15 entidades e empresas do setor, que enviaram carta a Lula em apoio a ele. Zuanazzi, que já foi presidente da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) e é filiado ao PT gaúcho, tem a simpatia da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de quem foi colaborador. A diretoria colegiada da Anac também será composta pelo ex-deputado federal Leur Lomanto (PMDB-BA), cuja indicação foi bancada pelo partido, inclusive pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Lomanto chegou a atuar como relator, na Câmara, durante o governo FHC, do projeto de lei que criava o órgão regulador. Atual assessor da Infraero, o ex-deputado contou com o apoio do presidente da estatal, Carlos Wilson, que tem mantido relacionamento estreito com Lula. Os militares não conseguiram emplacar o seu candidato a diretor-geral da Anac, o brigadeiro Jorge Godinho, que comanda o Departamento de Aviação Civil (DAC), subordinado ao Comando da Aeronáutica, o órgão que a nova agência substituirá. Mas serão representados na diretoria pelo coronel Jorge Luiz Brito Velozo, atualmente chefe do subdepartamento técnico-operacional do DAC, área responsável pela manutenção e fiscalização de aeronaves. A quarta das cinco indicações para a diretoria da nova agência ficou com a advogada paulista Denise Ayres Abreu, professora da PUC-SP, que trabalhou na Casa Civil com o ex-ministro José Dirceu, a quem é ligada. Ela chegou a participar das negociações para salvar a Varig quando foi formulado um plano, sob a supervisão do ex-ministro da Defesa José Viegas. O plano previa a liqüidação extrajudicial da companhia e a divisão da Varig em uma parte "boa" e outra "ruim", que seria extinta. A idéia morreu com a chegada do vice José Alencar ao ministério. Denise Abreu chegou a ser indicada neste ano para uma das vagas abertas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com Dirceu ainda na Casa Civil, mas o governo voltou atrás pouco depois. Parlamentares petistas constataram o risco de que ela fosse rejeitada pela Comissão de Infra-Estrutura, pela sua proximidade com o hoje ex-deputado. A perspectiva ontem era de que a sabatina fosse adiada para outra data, permitindo ao governo vencer a resistência aos indicados.