Título: Criação de emprego formal bate recorde
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2005, Brasil, p. A3

Conjuntura Segundo a Rais, foram gerados, em 2004, 1,863 milhão de postos de trabalho

O bom desempenho da economia em 2004 - crescimento de 4,9% do PIB - deu ao atual governo o recorde na criação de empregos formais. A pesquisa da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada ontem pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, revelou que, no ano passado, o saldo entre contratações e demissões foi de 1,863 milhão postos de trabalho. Esse resultado representa crescimento de 6,3% sobre o estoque de 2003 e é recorde nominal. Em termos relativos, foi o segundo melhor desempenho anual, ficando atrás de 1986, ano que teve aumento de 8,16%. Os números apurados pela Rais, segundo Marinho, são ainda melhores que os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que indicava para 2004 um saldo de 1,523 milhão de postos de trabalho criados. A Rais mostrou que, no ano passado, o Brasil tinha 31,408 milhões de empregos formais. Para 2005, o ministro espera um número mais acanhado: aproximadamente 1,2 milhão. Isso porque o crescimento do PIB está, segundo sua análise, abaixo do potencial. "O debate foi esquizofrênico com a oposição. Um ex-ministro do Trabalho até acusou o governo de manipular os números do Caged. Fiquei incomodado com isso", disse, aliviado, Marinho, criticando a posição do deputado Walter Barelli (PSDB-SP). Outra informação relevante da Rais é a da massa de rendimentos dos salários pagos que, segundo a pesquisa, cresceu 7,6% em 2004. A explicação para essa variação é a elevação do emprego. O salário real médio teve aumento de 1,2% em relação a 2003. Passou de R$ 1.045,73 para R$ 1.058,63. As análises setoriais da Rais também mostram que o maior crescimento da massa salarial ocorreu na indústria extrativa mineral (14,8%), seguida da agropecuária (10,9%). O menor aumento foi registrado nos serviços industriais de utilidade pública (5,3%) e nos serviços em geral (5,9%). Os maiores ganhos reais de remuneração (2,47%) foram nos estabelecimentos com mais de mil empregos. O pior desempenho de remuneração ficou para as empresas que têm entre 50 e 99 postos de trabalho: redução de 1,11%. Ainda na análise da remuneração média em 2004, a Rais apontou a indústria metalúrgica como a que apresentou o número mais favorável aos trabalhadores: 6,35%. Em seguida, o governo citou administração pública (4,98%), ensino (2,85%), agricultura (2,65%) e serviços industriais de utilidade pública (2,52%). A pesquisa também mostrou que a indústria de material de transporte teve queda de 4,51% na remuneração média em 2004. Mas esse movimento é explicado pelo crescimento da ocupação formal nesse segmento: 16,2%. Portanto, o governo disse que houve nessa área forte expansão do emprego associada ao menor salário de ingresso dos trabalhadores. Nos Estados com mais de 1 milhão de empregos, a Rais mostrou que os aumentos no salário médio foram de 0,01% (São Paulo), 0,13% (Bahia), 1,85% (Minas Gerais) e 1,91% (Paraná). A pesquisa também informou que o rendimento médio da mulher foi equivalente a 81,2% do homem. Em 2003 era de 80,3%. Dos 1,863 milhão referentes ao saldo entre contratações e demissões no ano passado, a Rais revelou que 1,714 milhão está sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Outros 149 mil são funcionários públicos vinculados ao regime estatutário. Em 2004, a administração pública nos três níveis da federação empregou 7.099.804 pessoas. Dessas, apenas 611.621 foram contratadas sob o regime da CLT. Em 2003, o total de empregos no poder público foi de 6.991.973, com 641.719 celetistas. Portanto, apesar de aumentar o número de empregos públicos, diminuiu o de pessoas contratadas com base na CLT. Em 2004, os setores que mais contribuíram para a geração de empregos foram a indústria da transformação (570,7 mil empregos ou 10,65%), serviços (522,7 mil empregos ou 5,57%) e o comércio (467,8 mil empregos ou 9,14%).