Título: Vale quer integrar Belo Monte
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Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2010, Economia, p. 23

Roger Agnelli diz que grupo vencedor não convidou a empresa a entrar no negócio e admite que tem deficit de energia para os anos 2015 e 2016

O presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que está disposto a analisar um possível convite do consórcio Norte Energia, vencedor do leilão da usina de Belo Monte, para integrar o grupo como autoprodutor, ¿se me garantirem energia a R$ 77¿, ressaltou o executivo. ¿Não fomos convidados, não estamos correndo atrás de nada, mas temos interesse em energia a R$ 77 (o megawatt-hora)¿, acrescentou. Segundo ele, o consórcio do qual a Vale fez parte concluiu que o investimento daria retorno ao preço de R$ 82,90. ¿O consórcio vencedor deve ter dados econômicos que viabilizam esse preço. Nós não tivemos acesso¿, afirmou. Belo Monte, que deverá ser, a partir de 2015, a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai, é um projeto de US$ 11 bilhões, que produzirá até 11.000 MW de energia. O leilão de concessão foi realizado em 20 de abril. Segundo ele, a Vale tem interesse nas próximas licitações do setor elétrico que deem retorno, inclusive do próximo projeto de grande porte que o governo deverá licitar, a usina de Tapajós, no rio Tapajós (PA), com capacidade para gerar 6.300 MW. O leilão está previsto para 2011, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Agnelli informou que a Vale tem deficit de energia para 2015-2016 que ainda não foi contratado e por isso deverá buscar oportunidades nas licitações. ¿O que vier de licitação de hidrelétrica nós vamos olhar¿, afirmou o executivo ao ser perguntado se poderia participar da disputa por Tapajós. ¿Vamos fechar esse gap também pela redução do consumo, pela eficiência energética¿, contou. Ele afirmou ainda que o custo da energia no Brasil é alto e por isso a Vale busca também novas formas de geração, como biodiesel e solar.

Oposição em Guiné Agnelli se mostrou tranquilo em relação à resistência do candidato de oposição ao governo da Guiné, na África, em reconhecer o acordo firmado entre a Vale e a atual administração federal para a viabilização de projetos de minério de ferro. A mineradora brasileira comprou 51% da BSG Resources, que detém concessões de minério de ferro na Guiné, em Simandou Sul (Zogota) e licenças de exploração em Simandou Norte (Blocos 1 e 2). A operação totalizou por US$ 2,5 bilhões. ¿Não (estou preocupado), porque o negócio é totalmente transparente, estamos supertranquilos. Tem eleições em dois meses (em Guiné) e todo mundo quer uma plataforma¿, disse ele. Na terça-feira, um líder afirmou que a oposição não vai reconhecer a aquisição se vencer a eleição, que acontece em 27 de junho. ¿Estamos tranquilos, mas todo governo é soberano até para atrasar o desenvolvimento¿, concluiu Agnelli.