Título: Wärtsila estima crescer com novas térmicas
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2005, Empresas &, p. B9

Kent Westergård, diretor de projetos especiais e vendas da área de termelétricas da finlandesa Wärtsila, está sediado em Vaasa, cidade que fica 400 quilômetros ao Noroeste de Helsinki. Na pacata Vaasa, com 60 mil habitantes, a Wärtsila tem uma fábrica de motores para geração elétrica e propulsão de navios. Nesta semana, porém, as atenções de Westergard estão mais voltadas para o setor elétrico brasileiro. "Temos grande interesse no leilão de energia nova", diz Westergård. A Wärtsila não participará diretamente do leilão, mas espera fechar negócios com as empresas que ganhem concessões para a construção de geradoras térmicas a base de gás ou óleo. O leilão representa uma oportunidade para a finlandesa ampliar o seu portfólio na área de geração elétrica no mercado brasileiro. Até o momento a Wärtsila desenhou, projetou e instalou 13 termelétricas contratadas por empresas de diferentes setores no Norte, Nordeste e Sudeste. Juntas as usinas têm capacidade de gerar 538 megawatts (MW). Além disso, a empresa tem contratos de construção de outras três unidades, cada uma com capacidade de 85 MW, em Manaus (AM). Cada contrato tem valor equivalente a cerca de 50 milhões de euros, disse Westergård. O mais recente foi assinado com a Companhia Energética Manauara, que tem como principal acionista a Termoelétrica Potiguar (TEP), sociedade da Global Participações com a Petrobras Distribuidora. A usina, que está sendo construída em contrato "turnkey", irá suprir energia de forma contínua para o sistema isolado de Manaus. A previsão é de que a unidade inicie a operação comercial em 1º de agosto de 2006. O contrato tem prazo de 20 anos. Westergård avalia que hoje existe demanda mundial por novas unidades de geração térmica. A Wärtsila já chegou a ter duas fábricas de motores para geração de energia e uso naval na Finlândia, mas desativou uma delas transferindo-a para Trieste, na Itália, onde são produzidas as máquinas de maior potência. Segundo o executivo, a Wärtsila tem cerca de 44% do mercado mundial de motores e turbinas a gás para geração elétrica no segmento de 3 MW a 5 MW. Este ano ela instalou uma fábrica na China que começará a operar em 2006. Dados da empresa mostram que a Wärtsila já instalou mais de quatro mil usinas termelétricas no mundo com capacidade superior a 30 mil MW, dos quais 3,7 mil na América Latina. A empresa também tem projetos na Argentina e no Equador. Segundo Magnus Miemois, vice-presidente para a área de geração naval, outra área de grande interesse da Wärtsila no Brasil é a construção de petroleiros. A lógica é semelhante à do leilão de energia nova: a Wärtsila irá esperar o término da licitação da Transpetro, para a construção de 26 navios de grande porte, para fechar acordos de fornecimento de motores com os estaleiros. Na área naval, no Brasil, a Wärtsila tem 196 motores vendidos que somam uma capacidade total de 610 MW, disse Miemois. A Petrobras é o principal cliente da Wärtsila na área "offshore", de apoio às atividades nas plataformas de petróleo. Neste segmento são 31 máquinas entregues à estatal com capacidade total de 71 MW. Na área de marinha mercante, a empresa tem em andamento contrato de fornecimento de motores (187 MW no total) para 29 petroleiros da Transpetro. A empresa também forneceu 13 unidades (13,5 MW) para seis rebocadores da Hermasa, outras quatro máquinas (37,6 MW) para quatro navios de contêineres da Aliança Navegação e mais três motores (19 MW) para duas embarcações de produtos químicos da Global, empresa da Lachmann. Além de vender os equipamentos, a Wärtsila presta serviços de acompanhamento e manutenção aos clientes.