Título: Ministro revela temor em relação a críticas da UE
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2005, Agronegócios, p. B16

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse estar preocupado com a censura expressa pela União Européia ao sistema sanitário brasileiro, mas declarou-se otimista com o início de negociações bilaterais para reabrir o mercado europeu e russo para as carnes nacionais, fechados em razão da ocorrência de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e do Paraná. "O assunto está sendo maturado. Mas estou otimista por tratar in loco desses temas", disse, por telefone, de Hong Kong, onde participa de reunião da OMC. Rodrigues disse que uma missão brasileira dará, a partir de segunda-feira, em Bruxelas, explicações formais à UE sobre o episódio da descoberta da aftosa no Paraná. Segundo ele, o diretor de Defesa Animal do ministério, Jorge Caetano, terá reuniões amanhã em Moscou para convencer os russos a revogar o embargo recém-ampliado. Caetano está em Paris para explicar as medidas adotadas pelo Brasil aos técnicos da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). "Ele explicará o caso do Paraná e, sobretudo, trabalhará para liberar o embargo à carne suína". A briga entre o ministério e o governo do Paraná tomou proporções indesejadas e comprometeu a credibilidade do sistema de defesa agropecuária do Brasil no exterior. De Hong Kong, Rodrigues também tratou de um tema espinhoso: a divisão interna provocada pelo reconhecimento de diagnóstico positivo para aftosa no Paraná. Na terça, a diretora de programa da área animal, Tânia Lyra, afirmou a congressistas durante audiência pública que os exames laboratoriais podem dar dado positivo para a aftosa por causa de resíduos de vacinas nos animais do estado. Antes, o coordenador-geral de doenças do ministério, Jamil Gomes de Souza, havia dito não haver dúvidas sobre a existência de aftosa no rebanho do Paraná. O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, não se manifestou publicamente sobre as divergências. "Não é agradável haver essa divisão de opiniões", reprovou o ministro. "Mas é uma maneira construtiva de trabalhar o tema", ponderou, fiel ao seu estilo conciliador. Os parlamentares contrários à declaração do ministério partiram para o ataque à equipe técnica e acusaram o governo federal de ter complicado a situação no Paraná. Rodrigues reconheceu não haver opinião única sobre a guerra com o Paraná. "Não tem unidade, mas discussão aberta e democrática". Segundo ele, isso deixa o tema "aceso" para ser discutido no futuro. O governador Roberto Requião (PMDB) já acenou com o sacrifício dos animais supostamente infectados no Estado. Felipe da Luz Sobrinho, diretor de relações institucionais da Sadia, acompanhou pessoalmente a audiência pública sobre o caso do Paraná na Câmara na terça e saiu convencido de que a doença não está no Estado. "Na opinião da Sadia, não há aftosa no Paraná".