Título: Emprego na indústria permanece estável, mas tendência é de queda
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2005, Brasil, p. A2

Uma estabilidade com tendência de queda foi o que revelaram os números do desempenho do emprego industrial divulgados ontem pelo IBGE. A força de trabalho na indústria sofreu uma ligeira redução (0,1%) em outubro, na comparação com setembro, já com ajuste sazonal, e uma de 0,2% em comparação com outubro do ano passado. No acumulado do ano, a taxa está positiva em 1,5%, e nos 12 meses encerrados em outubro o crescimento é de 1,9%, mas em trajetória de desaceleração. Foi a menor taxa anualizada desde dezembro do ano passado (1,8%). Em setembro, o crescimento em 12 meses era de 2,3%. "O comportamento do emprego foi compatível com o baixo desempenho da atividade industrial e com a valorização do real, que contribuiu para o resultado ruim de setores importantes para a geração de empregos, como calçados e couro", disse a economista Isabella Nunes Pereira, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Em outubro, a produção industrial também ficou estável. embora crescendo 0,1% sobre o mês anterior, e 0,4% sobre o mesmo mês de 2004. De acordo com os dados do IBGE, houve redução de pessoal na indústria, na comparação de outubro com outubro do ano passado, em 10 dos 13 locais pesquisados. Os destaques negativos foram o Rio Grande do Sul, com retração de 8,8%, e o Paraná, com menos 2,6%. Na indústria gaúcha, a perda de força de trabalho ocorreu em 13 dos 18 ramos pesquisados. Somente o ramo de calçados e artigos de couro registrou queda de 20,9% na força de trabalho. No país como um todo, a indústria de calçados reduziu sua força de trabalho em 14,1%, ficando um pouco abaixo da indústria madeireira, que diminuiu o número de pessoas empregadas em 14,4%. São Paulo, com aumento de 2,2%, Minas Gerais, com 2,3% e as regiões Norte e Centro-Oeste (2,7%) impediram que a queda do emprego na indústria fosse maior. Segundo Isabella, os destaques positivos foram o setor açucareiro, em São Paulo, e o de frigoríficos, em Minas Gerais. Segundo ela, apesar dos problemas trazidos pela valorização cambial, ainda foram as exportações que ajudaram a segurar o emprego industrial em São Paulo e em Minas Gerais. A folha de pagamento real sofreu uma queda de 1,6% na comparação de outubro com setembro, ajustada sazonalmente, e cresceu 2,5% em relação a outubro do ano passado. Segundo a gerente da pesquisa do IBGE, a queda na ponta está, em parte, associada ao repique inflacionário registrado em outubro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, passou de 0,35%, em setembro, para 0,75% em outubro. As horas trabalhadas também apresentaram resultado negativo, caindo 0,6% em comparação a setembro, após dois meses seguidos de desempenho positivo.