Título: EUA fazem pressão para vender carne aos chineses
Autor: Assis Moreira e Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2005, Brasil, p. A7

A abertura que a China prometeu para as carnes brasileiras está complicada. Cobrado pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, a concretizar a promessa, o ministro de comércio chinês, Bo Xilai, respondeu que os Estados Unidos fazem muita pressão para Pequim aumentar a importação da carne bovina americana e assim reduzir o déficit de US$ 200 bilhões que acumulam com o país. Furlan retrucou que até o presidente dos EUA, George W. Bush, gostou da carne brasileira e não é à toa que o Brasil se tornou líder no mercado internacional. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pediu o envio rápido de uma missão chinesa para inspeção no Brasil e ampliação do número de frigoríficos autorizados a exportar para o mercado chinês. Atualmente, só cinco têm essa autorização. No momento em que Furlan e Bo Xilai se reuniam, o secretário de Agricultura dos EUA, Mike Johanns, dizia num discurso, também em Hong Kong, que "chegou a vez" de a China abrir seu mercado para a carne bovina americana. Ele disse estar "rindo a semana toda" com a reabertura do mercado do Japão para o produto americano e prometeu a produtores dos EUA manter a pressão para obter melhor acesso para "nosso bife". O presidente da Federação de Agricultores Americanos, Bob Stallman, estima que a futura concorrência dos EUA com o Brasil em produtos como carne e soja vai ocorrer na Ásia - principalmente na China. A disputa entre produtores dos dois vai se acirrar se a negociação agrícola na Organização Mundial do Comércio (OMC) for bem sucedida. Ele estima que as exportações agrícolas dos EUA poderiam crescer 20% se fosse aprovada a proposta americana de cortar em 66% a tarifa média nos ricos e dois terços disso nas nações em desenvolvimento. (AM, com colaboração de Sergio Leo)