Título: Wolfowitz destaca a importância do Brasil para os negócios do Bird
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 16/12/2005, Brasil, p. A8

O presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, reuniu-se ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, e destacou a liderança que o brasileiro exerce no cenário mundial. Wolfowitz disse que não tratou de assuntos específicos das relações entre o Bird e o Brasil. "O Brasil é muito importante para os negócios do Banco Mundial e estou muito satisfeito de estar aqui. Acho que o Brasil tem um papel importante a desenvolver no mundo." O presidente do Banco Mundial afirmou que ele e Lula conversaram sobre o que acontecerá após o encontro da OMC, em Hong Kong. Lembrou que o Brasil tem uma liderança importante a cumprir, sobretudo nos ramos comercial e de meio ambiente. "Um dos grandes desafios da América Latina é que, apesar de um bom desempenho econômico, e de o Brasil ser um país de destaque no continente, há milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza", destacou. O executivo acredita que o grande desafio será como conciliar os recursos naturais com a promoção do desenvolvimento. "Bom desenvolvimento e administração do meio ambiente andam juntos, e eu acho que é muito importante o trabalho que o Banco Mundial vem fazendo com o Brasil nesse sentido." O presidente do Banco Mundial, mostrou-se interessado em saber quais foram as medidas do governo para manter estabilidade econômica e crescimento sem deixar de lado as questões sociais. Já na chegada, tratou do tema dos recursos naturais. O Brasil, pela sua vastidão de território e abundância de recursos naturais é, para a instituição, protagonista decisivo na promoção de políticas ambientais sustentáveis. "Juntos, temos a oportunidade de avançar no diálogo sobre energia e desenvolvimento, buscando ao mesmo tempo novas formas de uso das tecnologias emergentes", disse Wolfowitz ao ler para a imprensa suas declarações, ainda no aeroporto. Wolfowitz vai visitar comunidades na Amazônia, onde várias experiências que, segundo o Banco Mundial, são "criativas". "Essa é uma via para o crescimento e a prosperidade que leva em conta o meio ambiente e busca integrar aqueles que têm sido historicamente abandonados, como as mulheres, os jovens e os grupos indígenas", afirmou o presidente do banco. Durante a sua visita, Wolfowitz espera conhecer o que o governo brasileiro tem feito para a redução da desigualdade. Para o Banco Mundial, em toda a América Latina existe a necessidade urgente de criar oportunidades iguais para os pobres, não somente com o objetivo de melhorar suas vidas, mas visando também aumentar sua capacidade de contribuir para a economia e a sociedade. Segundo a instituição, o Bolsa Família pode servir de modelo para outros países. O presidente do Banco Mundial não quis comentar os recentes escândalos de corrupção envolvendo o governo brasileiro e o prejuízo que isso pode causar na relação entre o país e o Banco. Alegou que este assunto está sendo muito debatido no país e que ele não estava aqui para envolver-se em assuntos internos. Segundo Wolfowitz, a corrupção é um problema que afeta todos os países, inclusive os desenvolvidos, como os EUA. "Mas é particularmente um problema nos países mais pobres do mundo, porque eles não têm instituições para lidar com isso e essa é uma das razões porque eles continuam pobres", justificou.