Título: Para Wagner , presidente tenta reeleição
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2006, Política, p. A4

O ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, disse ontem que interessa à oposição que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não concorra à reeleição. Wagner lembrou que há seis meses, quando a crise política ainda estava no início, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já defendia que Lula desistisse de concorrer a um novo mandato. "Eles têm obsessão por isso. Sabem que o presidente Lula ainda é um candidato extremamente competitivo", frisou Wagner durante entrevista coletiva. O ministro confirmou, no entanto, que Lula ainda está decidindo se partirá ou não para uma nova campanha presidencial, a quinta em sua carreira política. Wagner antecipou que ninguém na Esplanada acredita que o presidente deixará de disputar um novo mandato. "Quando a campanha começar, teremos não apenas retórica eleitoral, mas números e programas para mostrar tudo o que fizemos durante nossa gestão. Isso tudo leva a oposição a ficar doida para que o presidente não concorra", afirmou o ministro. Wagner disse que o presidente decidirá essa questão no momento que achar melhor. Lembrou que as convenções partidárias acontecerão em junho, mas não acredita que Lula esperará até lá para definir-se como candidato. "Até porque, caso ele não concorra, o cenário político mudará bruscamente", disse ele. O ministro aproveitou para cutucar novamente a oposição, que acusa o governo de estar adotando práticas eleitoreiras, como a liberação de verbas para estradas, com o intuito de viabilizar eleitoralmente o presidente para a disputa. "Isso não faz sentido. A maior desfaçatez política da História recente foi praticada por eles próprios, ao manterem, em 1998, o Real supervalorizado para garantir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso", acusou Wagner. Sobre a liberação das emendas parlamentares, o ministro começou a atender, ontem, a uma ordem do presidente Lula de passar um pente fino no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), com o objetivo de contabilizar qual o montante de recursos empenhado nos últimos dias do ano. A meta é diminuir a reclamação dos aliados quanto à liberação de recursos previstos nessas emendas. Wagner disse manter o otimismo quanto à votação do orçamento, esperando que ela aconteça ainda em fevereiro. Sobre o recesso branco a que o Congresso se impôs - foi feita a convocação extraordinária, mas o Parlamento não está funcionando -, o ministro preferiu não polemizar. "Não posso avaliar o trabalho de outro poder. O governo escolheu seu caminho, não convocou o Congresso", disse.