Título: Negociação de subsidiárias retarda o processo de recuperação da Varig
Autor: Cláudia Schüffner e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2006, Empresas &, p. B2

Aviação

A Varig continua a negociar a venda das subsidiárias VarigLog e VEM com a TAP e o fundo de investimentos americano MatlinPatterson. A empresa pretendia anunciar sua decisão sobre a melhor proposta de compra em 29 de dezembro, mas adiou o prazo por tempo indeterminado. O tema será discutido em assembléia do colégio deliberante da Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig, na quinta-feira, no Rio, disse Osvaldo César Cury, presidente do conselho de curadores da FRB. O colégio avaliará, além do comprador da VarigLog e da VEM, o plano de recuperação da Varig, já aprovado na assembléia dos credores em 19 de dezembro, e a transferência do controle da FRB para a companhia Docas Investimentos. A Varig confirma que discute com a TAP e o fundo MatlinPatterson detalhes sobre as propostas para VarigLog e VEM. Na semana passada, o Valor informou que a Varig decidiu desmembrar a venda das duas subsidiárias. A VarigLog seria negociada com o fundo e a VEM, com a TAP. Os americanos ofereceram US$ 77 milhões pelas duas empresas, valor superior aos US$ 62 milhões estabelecidos no contrato de venda de ambas as companhias para a Aero-LB, da qual a TAP é sócia. A venda para a TAP conta com financiamento do BNDES. O crédito, segundo o banco, é intransferível. Caso a compra pela TAP não se concretize, o dinheiro tem de ser devolvido ao banco. Michael Conolly, diretor financeiro da TAP, confirmou que a empresa deu à Varig a opção de desmembrar a operação de venda das duas subsidiárias. Ele disse que há conversações em andamento, mas preferiu não entrar em detalhes sobre a possibilidade de a companhia ter de pagar multa à TAP de 20% do valor da operação inicial, equivalente a US$ 12,5 milhões, caso opte pela proposta do fundo americano. A Varig já obteve da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio a aprovação do seu plano de recuperação, depois que ele foi aprovado pelos credores na assembléia, em 19 de dezembro. Com isso a companhia ganha fôlego de dois anos, ainda sob fiscalização da Justiça. O advogado da FRB, Paulo Penalva, do escritório Motta, Fernandes Rocha, disse que até dia 30 a Varig terá de apresentar aos credores o texto do contrato que cria os Fundos de Investimento em Participações, base do plano de recuperação. No dia 2, a Varig terá de apresentar à Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York, a quitação de US$ 44 milhões com empresas de leasing.