Título: CPI da Terra aprova texto que enquadra MST por terrorismo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2005, Política, p. A8

Os integrantes da CPI da Terra derrubaram o texto final do relator, o deputado João Alfredo (P-SOL-CE), e aprovaram um texto alternativo do deputado Abelardo Lupion (PFL-PR). Em seu relatório paralelo, aprovado por 12 votos a 1, Lupion pede o enquadramento de ocupação de terra como "ato terrorista". No relatório de Alfredo, rejeitado por 13 votos a 7 (uma abstenção), a causa dos conflitos de terra era identificada pela falta de reforma agrária. Para Lupion, o relatório reprovado de Alfredo ameaçava o direito de propriedade da terra. Com a inclusão na pauta do relatório paralelo de Lupion, João Alfredo retirou-se da sala, seguido pelos deputados Adão Pretto (PT-RS) e Luci Choinacki (PT-SC) e pela senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA). As duas últimas rasgaram o relatório de Lupion como protesto. "Em nome do Estado do Pará, que tem o maior índice de violência no campo, não posso compactuar com este relatório", bradou Ana Júlia. O relatório de Lupion ainda propunha o indiciamento de 11 pessoas, sendo 8 do Movimento Sem Terra (MST), entre elas João Pedro Stédile, José Rainha e Gilmar Mauro, além de diretores da Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca) e da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária (Concrab), entidades ligadas ao movimento. Mas, o indiciamento foi excluído com a aprovação de um destaque proposto pelos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Heloísa Helena (P-SOL-AL). Lupion não acatou em seu texto a sugestão de que também seja indiciado o presidente da UDR, Luiz Antônio Garcia. O relatório de Lupion ainda contém a sugestão de que o TCU determine a suspensão do recursos federais para a Anca, Concrab e o Iterra, outra entidade vinculada ao MST. (Com agências noticiosas)