Título: Vale vai recomprar bônus e emitir novos
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2006, Finanças, p. C1
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) poderá ser a primeira empresa brasileira a acessar o mercado financeiro internacional em 2006. Ontem, a empresa iniciou uma oferta de recompra de títulos no total de US$ 300 milhões, com vencimento em 2013, para melhorar o perfil de sua dívida. Além disso, a Vale anunciou que pretende emitir novos bônus internacionais de 10 anos, o que poderá acontecer até a próxima semana, já que a data do encerramento da recompra está prevista para o dia 10. Segundo nota divulgada pela Vale, parte dos recursos captados na nova emissão vão ser destinados ao pagamento da recompra. O comunicado não informa o valor da nova colocação, nem sua data, mas afirma que o fechamento da oferta de recompra está condicionado à conclusão da nova emissão, coordenada pelo JP Morgan, que responde também pela operação de recompra. O preço que a Vale vai pagar aos detentores dos bônus será conhecido na quinta-feira, dia 5. Ele será calculado tendo como referência a cotação dos títulos do Tesouro americano com vencimento em 15 de novembro de 2015 que paga cupom de 4,5%, somado a um spread fixo de 152 pontos básicos, conforme explica a nota da Vale. A intenção da CVRD com a operação é gerenciar o perfil de sua dívida, de US$ 3,9 bilhões, reduzindo a participação de títulos com juro maior e de menor liquidez, emitidos antes da mineradora ser guindada a grau de investimento, em meados do ano passado. Na ocasião, ao contrário do que esperava o mercado, a Vale não fez nenhuma grande emissão - apenas estendeu seus bônus de 30 anos em mais US$ 300 milhões. Na avaliação de analistas, qualquer papel emitido agora pela Vale terá cupom bem abaixo de 9%. Na ótica desses interlocutores, a Vale está sabendo aproveitar a "boa onda do mercado" . Ontem, as ações da Vale subiram 3,5%, mas analistas do setor de mineração não atribuíram a alta ao anúncio da Vale de ida ao mercado, mas sim a um contrato de suprimento extra de minério de ferro assinado pela siderúrgica japonesa Nippon Steel Corporation com as mineradoras gigantes : Vale, BHP Billiton e Rio Tinto. O negócio envolve fornecimento anual de 11 milhões de toneladas/ano de minério de ferro por 10 anos, pelos quais a Nippon pagou "preços europeus", ou seja, 12% acima dos preços que vigoram no mercado asiático para o minério. Isso foi interpretado pelos analistas como um bom presságio para as negociações do novo preço do minério em 2006 entre mineradoras e siderúrgicas, que começam dia 16.