Título: Investidores encontram novas opções
Autor: Chester Dawson
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2006, Finanças, p. C8

Emergentes Egito, México, Polônia, África do Sul e Turquia apresentam potencial de crescimento atraente

As maiores economias de forte crescimento no Terceiro Mundo são Brasil, Rússia, Índia e China. Embora os "Quatro Grandes" - também conhecidos pelas iniciais BRICs - tenham atraído a maior parte das atenções dos investidores nos últimos anos, há boas oportunidades em outros mercados emergentes, menos proeminentes, porém mais promissores, como Egito, México, Polônia, África do Sul e Turquia. Estes cinco países podem não exercer a atração de nações com grandes populações, mas o crescimento da economia é impressionante - e as ações de suas empresas, em muitos casos, podem oferecer mais valor. Alguns especialistas mostram receio com a falta de consistência do mercado indiano de renda variável e com a pouca transparência das empresas chinesas. A frágil situação política do Brasil e inclinação do governo de Moscou em interferir no mundo empresarial também trazem preocupações. Em outras palavras, mesmo entre os mercados emergentes é importante diversificar-se além de algumas poucas participações. "A inteira noção de que se deve investir apenas nos BRICs é tola", resume Mark Madden, gestor da carteira do Developing Markets Fund, um fundo do Oppenheimer Funds, centrado em países em desenvolvimento. Os seis principais mercados emergentes fora do grupo dos BRICs são notáveis por seus perfis de alto crescimento, agendas de reformas bem encaminhadas e cenários favoráveis aos investidores. Em contraste com os BRICs, que são altamente dependentes das exportações, a maioria desses países prospera principalmente com base na demanda doméstica, proporcionada pelos crescentes gastos dos consumidores. Sejam BRICs ou não-BRICs, investir em mercados emergentes traz desafios únicos. A falta de liquidez desses mercados pode ser brutal para os acionistas, com ondas de venda podendo levar os preços ao chão. Além disso, relativamente, há poucas empresas listadas nos Estados Unidos, negociadas como American Depositary Receipts (ADRs), o que dificulta comprar ações cotadas em dólares - especialmente as de companhias que estejam de acordo com as determinações da Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão fiscalizador do mercado de capitais dos EUA). Há alternativas, como os fundos mútuos em mercados emergentes ou os "exchange-traded funds" (ETFs), como são chamados os investimentos em uma cesta de ações que é negociada como uma única ação. Alguns desses fundos apontam para regiões ou países determinados. Vejam o iShares MSCI Emerging Markets Index Fund ou o Vanguard Emerging Markets VIPERs ETF. Para assumir uma exposição abertamente mais para o sul, há opções como o iShares S&P Latin America 40 Index Fund ou o MSCI Mexico Index Fund. Embora o México não goze do status de celebridade que o rival Brasil, o país vive uma espécie de renascimento econômico. Com sua última crise econômica tendo ficado mais de dez anos para trás, o México ostenta reservas internacionais recorde e classificação de risco de crédito dentro do "grau de investimento" (patamar referencial de segurança para o investidor), um cenário alcançado graças a uma grande melhora em sua disciplina fiscal. O país até possui várias empresas listadas na Bolsa de Nova York e na Nasdaq, além de dezenas de outras que são negociadas no mercado de balcão, como o Wal-Mart do México. Os gestores de recursos mostram-se especialmente atentos para as ações do setor de construção residencial, já que cada vez há mais mexicanos aptos a pedir empréstimos parar comprar casas. Entre elas estão a Desarrolladora Homex e a fabricante de cimento Cemex, ambas listadas em Nova York. "O setor residencial está bastante estimulante", observa Madden, da Oppenheimer Funds. A África do Sul também surpreendeu positivamente, em função da contenção de gastos promovida pelo governo. Embora o país há muito seja visto como uma oportunidade por suas empresas de metais preciosos, a força da moeda local restringiu as perspectivas para as commodities e outras exportações. Em vez disso, as apostas estão se dirigindo para companhias orientadas ao mercado interno, como varejistas e bancos. Entre as empresas com ADRs negociados em mercado de balcão estão a varejista de calçados Edgars Consolidated Stores e o banco ABSA Group. Também há o iShares ETF, o índice sul-africano do MSCI. "Estamos vendo uma mudança da mineração para nomes mais domésticos", destaca Julie L. Pfeffer, analista sênior da DuPont Capital Management, que tem US$ 600 milhões investidos em renda variável de mercados emergentes, incluindo ações sul-africanas. Outro mercado popular na África é o Egito, cujo desempenho das ações nos últimos três anos foi um dos melhores - alta de 640%, em dólares. O país beneficia-se tanto do aumento no ritmo das reformas econômicas como da entrada de petrodólares das nações do Golfo Pérsico, cheios de dinheiro com os altos preços do petróleo. O Commercial International Bank, um dos maiores bancos comerciais do país, é um favorito entre os investidores em ações e também uma das poucas empresas egípcias com ADRs. O Leste Europeu, do Báltico aos Bálcãs, também está em alta graças às reformas promovidas depois da queda da Cortina de Ferro. Os países que estão mais próximos de adotar o euro como moeda são os preferidos - e a Polônia está no topo da lista. Embora seja um retardatário em 2005 - a bolsa acumulou alta de apenas 21% em dólares -, a Polônia funciona como um substituto mais barato para a Europa Ocidental, já que seu destino está ligado ao da Alemanha, maior economia do continente. Entre as estrelas estão as empresas de mídia polonesas, que se beneficiam da forte expansão da publicidade e têm "grande potencial de crescimento", segundo Emery Brewer, administrador de carteiras do Driehaus Emerging Markets Grouth Fund. O Agora, um dos principais grupos da Polônia no setor de rádio e jornal, é uma das poucas ações negociadas no mercado de balcão nos EUA. A Turquia almeja juntar-se à União Européia e promove reformas econômicas. O país também possui uma força de trabalho mais jovem do que a maioria dos países do Leste Europeu e alberga uma bem-sucedida base industrial que atende tanto a Europa Ocidental como o Oriente Médio. Os bancos turcos estão lucrando maravilhosamente com a explosão na concessão de empréstimos para empresas e pessoas físicas. Na última grande onda de alta dos mercados emergentes, há dez anos, o Sudeste Asiático liderou a tendência. Mas mesmo depois de recuperar-se da crise financeira de 1997, os chamados tigres asiáticos vêm consistentemente apresentando desempenhos inferiores em relação ao resto do mundo. "As estrelas do passado não conseguiram se reinventar e agora estão sendo espremidas pela China e Índia", avalia Ruchir Sharma, co-diretor de mercados emergentes globais do Morgan Stanley Investment Management, em Nova York. A Coréia do Sul, no entanto, começou a sobressair-se. Embora potências como Hyundai e Samsung sejam obrigatórias, algumas empresas mais domésticas como o Kookmin Bank e a Korea Electric Power, negociadas em mercado de balcão, podem estar propensas a subir. O iShares MSCI South Korea Index Fund também vale a pena ser observado. Embora poucos vejam bandeiras vermelhas de alerta, o sucesso poderia alimentar o tipo de complacência que levou os tigres asiáticos a enfrentar problemas na década de 90. Os países desenvolvidos, no entanto, não têm condições de igualar o crescimento das economias emergentes. "A década poderia pertencer aos mercados emergentes", observa Sharma do Morgan. "E estamos apenas no meio do caminho."