Título: Para Claro, desafio será preservar sua imagem no mercado mineiro
Autor: Heloisa Magalhães e Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2005, Empresas &, p. B3

"A Claro acabou, não vai ter mais", informava ontem uma funcionária da Dadalto, rede de lojas de departamentos que atua em Minas Gerais, aos consumidores que procuravam os celulares da operadora. Sem se identificar, a reportagem do Valor ouviu essa explicação. Recebeu também a informação de que a Dadalto estava trocando os aparelhos já vendidos pela Claro por modelos de outras operadoras parceiras da loja: Telemig Celular ou TIM. O maior desafio para a Claro será preservar a imagem da marca no mercado mineiro até que consiga derrubar a liminar que a impede de atuar no Estado. A operadora resolveu desbloquear os telefones comercializados para que possam ser utilizados com linhas das concorrentes, ou devolver o dinheiro pago aos clientes que preferirem essa opção. Mas, com a rede de telefonia desligada e as lojas fechadas, a Claro vem encontrando dificuldade para dar explicações aos 770 assinantes que já havia conquistado na capital. "Isso é o tipo de coisa que não pode acontecer", afirmou o diretor regional da Claro, Raul Galhano. A operadora tem três lojas próprias. Nas redes de varejo, sem os promotores da própria tele, a explicação aos clientes está a cargo de funcionários das lojas que não foram treinados para a tarefa, ressaltou. Na loja própria da operadora no Minas Shopping, quem procura informações encontra apenas uma folha colada na porta fechada. Um comunicado de 16 linhas explica que a Claro está impedida de atuar por causa de decisão da Justiça em favor da Telemig Celular. Bem ao lado da loja fechada fica uma revenda da TIM. Logo em frente, o consumidor se depara com o cartaz da inauguração em breve de uma nova revenda da Telemig no shopping. O único canal de comunicação da Claro com os clientes, até ontem, era o call center. Além dos promotores contratados para os pontos de venda, a operadora tem 180 funcionários em Minas. Lojistas que apostaram na marca e abriram revendas credenciadas receberam a garantia de que a Claro vai arcar com o custo fixo das revendas durante o período em que estiverem fechadas. Mas não haverá como compensar as vendas perdidas num período estratégico, quando as promoções de Natal dos concorrentes já estão nas vitrines. "Os preços de Minas são altos em relação ao resto do Brasil e estávamos no mercado com uma oferta mais agressiva que a da concorrência" , afirmou Galhano. "É um problema serio." O executivo não revelou a estimativa de prejuízo a cada dia parado. De fato, a Claro estava oferecendo o menor preço de telefones pré-pagos no Estado: R$ 129. Na Telemig Celular, que prometeu campanhas mais ousadas para ampliar a base de clientes neste fim de ano, a melhor oferta da campanha de Natal para modelo de cartão é de R$ 149. Na TIM e na Oi, o aparelho pré-pago mais em conta custa R$ 199. Segundo Galhano, a operadora tentava ontem conseguir autorização para manter em funcionamento pelo menos uma loja, para fazer o atendimento aos clientes que querem desbloquear seus aparelhos ou receber o dinheiro de volta.