Título: Indústria prepara lista para acordo com bloco árabe
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2006, Brasil, p. A3

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) abre neste mês consultas ao setor privado brasileiro com vistas ao acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG). O objetivo é fechar uma lista de pedidos em bens a ser trocada pelo Mercosul, em meados de fevereiro, com os países árabes que compõem a CCG: Arábia Saudita, Kuait, Bahrein, Omã, Emirados Árabes e Qatar. Em fevereiro, além dos pedidos em bens, os dois blocos pretendem trocar ofertas nas áreas de serviços e investimentos, disse o embaixador Régis Arslanian, diretor do departamento de negociações internacionais do Itamaraty. A idéia, segundo ele, é fechar o acordo ainda em 2006. No fim de novembro de 2005, Mercosul e CCG abriram, em Riad, na Arábia Saudita, o processo de implementação do acordo-marco, assinado pelas duas regiões na cúpula América do Sul-Países Árabes, realizada em Brasília, em maio do ano passado. "Vamos começar as consultas à indústria sobre o acordo com os árabes este mês, em um processo que não deve ser difícil pois trata-se de um grupo de países com os quais temos pouco comércio", disse Soraia Rosar, gerente-executiva da Unidade de Negócios Internacionais da CNI. A indústria deve contar com o apóio da Câmara de Comércio Brasil-Países Árabes, de São Paulo, para formular os pedidos de abertura comercial a serem encaminhados ao governo brasileiro para a negociação com a CCG. Uma primeira reunião negociadora, após a troca de pedidos e ofertas, deve ser realizada em Buenos Aires, em março. As listas iniciais de pedidos em bens e as ofertas em serviços e investimentos serão feitas sob o formato de listas positivas, ou seja, tudo o que estiver mencionado nas listas será negociável. Arslanian disse que, como parte da implementação do acordo e Mercosul-CCG, serão realizados eventos para aproximar os empresários dos dois blocos. Está prevista uma conferência sobre investimentos, que reunirá potenciais investidores e identificará projetos de investimento e joint ventures. O objetivo é que, quando a conferência se realize, no primeiro semestre de 2006, os empresários já tenham conhecimento sobre as bases do acordo. Também haverá intercâmbio de missões comerciais e reuniões para troca de experiências sobre os respectivos processos de coordenação macroeconômica e regimes de uniões aduaneiras.