Título: Inflação na Argentina fecha o ano em 12,3%
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2006, Internacional, p. A7

A Argentina encerrou 2005 com uma taxa de inflação de 12,3%, o índice anual mais elevado desde 2002. A alta registrada no mês passado ficou em 1,1%, em linha com o que era esperado por analistas, mas ao mesmo mantendo altas as expectativas para a inflação deste ano. Em 2004, o aumento do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) havia sido de 6,1%, e em 2003 a taxa foi menor, de 3,7%. A alta de preços verificada no ano passado só é superada pela de 2002, quando a Argentina abandonou a paridade com o dólar e o IPC subiu 41%, e no período antes da conversibilidade. A cifra também superou a meta estabelecida pelo Ministério da Economia, de 11%. O Orçamento deste ano prevê inflação de 8,6%, mas a maioria dos analistas acredita que a taxa de 2006 será similar à do ano passado. Antes da divulgação do índice, o governo já tentava amenizar o seu impacto. O ministro do Interior, Aníbal Fernández, disse que a alta de dezembro foi causada por fatores sazonais. Historicamente, entretanto, dezembro é um mês de inflação baixa no país. Segundo um levantamento feito pelo jornal argentino "Clarín", a inflação registrada no mês passado é a mais alta dos últimos 15 anos e no mesmo período o índice de janeiro sempre ficou acima do de dezembro, o que leva a crer que o IPC deste mês ficará acima de 1,1%. A estratégia do governo para tentar deter os preços tem sido fazer acordos de preços em alguns setores, particularmente o de alimentos. Os dados divulgados ontem mostram que por enquanto o efeito tem sido limitado - a alta dos alimentos em dezembro foi 0,8%, contra um aumento de 2,1% em novembro. A leitura positiva do dado divulgado ontem é que o índice de novembro, 1,2%, havia gerado expectativa de que a inflação do mês passado poderia chegar a 2%, o que motivou o governo a buscar os acordos. O efeito dos acordos foi sentido ao menos nos preços da cesta básica usada para medir o percentual de argentinos que vivem abaixo da linha da pobreza, que caiu 0,1%. A inflação de 2005 foi puxada tanto pela alta dos custos de bens como de serviços: os bens tiveram seus preços reajustados em 11,4%, enquanto os serviços subiram 13,8%, segundo o governo.