Título: China torna-se o maior exportador mundial de TI
Autor: Laurence Frost Associated Press
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2005, Internacional, p. A9

A China tomou o lugar dos Estados Unidos como maior exportador mundial de uma ampla categoria de aparelhos eletrônicos, como computadores, telefones celulares e câmeras digitais, informou ontem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O relatório da OCDE, entidade de pesquisa com sede em Paris e que reúne os países ricos, assinala um marco na diversificação chinesa, que "migrou" da exploração de mão-de-obra barata em oficinas têxteis para sofisticadas fábricas de eletrônicos. As exportações chinesas de aparelhos tecnológicos de informação e comunicações cresceram 46% ano sobre ano, para US$ 180 bilhões em 2004, passando à frente do montante de exportações dos EUA, que totalizaram US$ 149 bilhões. As vendas chinesas cresceram 12% em relação ao ano anterior. O superávit comercial chinês em produtos tecnológicos quase triplicou, para US$ 31 bilhões, no ano passado, de US$ 12 bilhões em 2003. É bem recente a passagem do país a exportador líqüido desse tipo de bens, ocorrida em 2002, quando os chineses contabilizaram superávit de US$ 3 bilhões. Sacha Wunsch-Vincent, o autor do relatório da OCDE, disse que o estudo evidencia a ininterrupta ascensão chinesa na cadeia de valor - de televisores, aparelhos de som e outros produtos eletrônicos de baixa margem -, para caríssimos equipamentos de alta tecnologia. O crescimento acelerado do superávit chinês no comércio de PCs e laptops ficou em US$ 45,4 bilhões no ano passado, segundo mostram os novos dados, e seu comércio geral em produtos no setor de informática e computação cresceu em média 38% ao ano desde 1996. A China também passou à frente do Japão, no ano passado, como principal exportadora desse tipo de produtos para os EUA. Fabricantes de telefones celulares e fabricantes de PCs europeus e americanos vêm investindo pesado na China, e em maio a Lenovo, fabricante chinesa de computadores, adquiriu as operações com PCs da International Business Machines Corp (IBM) por US$ 1,75 bilhões. A China ainda depende fortemente da importação de microchips e placas de circuito impresso de que necessita para seu crescimento acelerado de fabricação de hardware, afirma o relatório da OCDE. O déficit comercial global chinês em microcomponentes inchou para quase US$ 62 bilhões no ano passado. Mas a Europa e os EUA estão vendo um encolhimento de sua participação no comércio de componentes, acrescenta o relatório, e os EUA hoje registram apenas um "superávit muito pequeno" no comércio de componentes. "Para fabricar laptops e telefones celulares avançados, a China antes dependia de componentes eletrônicos, como chips de computadores, importados da UE e dos EUA", diz o relatório. Esses insumos agora estão sendo cada vez mais obtidos de países como Taiwan, Coréia do Sul, Japão e Malásia, todos, em conseqüência, registrando superávits comerciais em relação à China no setor de bens de tecnologia.