Título: Petróleo continuará caro por décadas, prevêem EUA
Autor: Associated Press
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2005, Internacional, p. A9

Energia Relatório do governo revê para cima estimativa feita em 2004

O preço do barril de petróleo deve permanecer acima de US$ 50 por muitos anos, o que aumentará a produção de carros com menor consumo de combustível e a busca por fontes de energia alternativas. Esta é uma das conclusões de um relatório divulgado ontem pelo Departamento de Energia dos EUA. A análise da Administração de Informação Energética, escritório de estatísticas do departamento, reflete uma drástica mudança em relação às projeções feitas há um ano pelo próprio governo, quando se previu que o barril do petróleo cairia até 2025 para US$ 31 (não levando-se em conta a inflação). O departamento agora calcula que o barril custará em média US$ 54 em 2025 e US$ 57 em 2030 (em valores de 2004). Atualmente, o preço gira em torno de US$ 60, depois de ter superado a marca de US$ 70 no começo do ano. Mas esse é o valor de mercado à vista e normalmente não reflete o preço de fato pago pelos países e grandes empresas. O Departamento de Energia disse ter acrescentado US$ 21 no preço futuro do barril de petróleo pois não acredita que a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) irá produzir tanto quanto se previa anteriormente. Desse modo, a oferta irá se manter limitada pelas próximas décadas. Segundo o documento, a demanda global por petróleo, atualmente em 82 milhões de barris por dia, deve chegar a 111 milhões de barris diários em 2025. O departamento do governo americano agora calcula que a produção da Opep irá aumentar apenas 44% até 2025, atingindo 44 milhões de barris/dia - há um ano, a expectativa era de que o crescimento fosse de 74% e chegasse a 55 milhões. O relatório estima que os preços do gás natural terão grande baixa. Depois de ter ultrapassado recentemente a marca de US$ 14 por mil pés cúbicos (28,3 metros cúbicos), o gás deve recuar e ficar em torno de US$ 4,46 por mil pés cúbicos em 2016, graças à queda da demanda e ao aumento da produção. O Departamento de Energia dos EUA projeta que, com os preços elevados do petróleo tornando-se uma realidade por muitos anos, haverá tanto um aumento da produção doméstica como uma maior demanda por combustíveis alternativos, como etanol e biodiesel, e maior uso de carros e caminhões híbridos (com motores movidos a eletricidade e gasolina). O relatório também prevê que haverá um aumento de 9% na produção de eletricidade a partir de usinas nucleares e que, depois de 2014, seis novos reatores deverão ser construídos. No relatório do ano passado, não se prognosticava a construção de nenhuma usina nuclear. O documento afirma ainda que o carvão permanecerá como o combustível primário para a obtenção de eletricidade até 2030 e que, apesar da alta do preço do petróleo e de ganhos em eficiência, a demanda de energia nos EUA aumentará 1,1% por ano no próximo quarto de século. Em relação às emissões de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis, a previsão é de que haverá um crescimento anual de 1,2%, alcançando 7,6 milhões de toneladas até 2025 - um aumento de 28% em relação às emissões de 2004. O dióxido de carbono é o principal gás responsável pelo efeito estufa - a retenção da radiação infravermelha do Sol na atmosfera, que causa o aquecimento global.