Título: Subsídio a americanos pobres põe Chávez na política interna do país
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2005, Internacional, p. A9

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, conseguiu entrar na agenda política americana com a oferta de óleo para aquecimento residencial com descontos para a população de baixa renda de áreas metropolitanas de Boston e Nova York. O fornecimento em Boston começou ontem. A Citgo, controlada pela estatal PDVSA, deve gastar pelo menos US$ 10 milhões em subsídios para venda de combustível usado agora no inverno (no Hemisfério Norte) para aquecimento doméstico a consumidores americanos pobres. Políticos democratas dos Estados de Massachusetts e Nova York negociaram o programa com a Citgo. Em Massachusetts, o acordo foi negociado pelo deputado William Delahunt, e em Nova York, pelo democrata Jose Serrano. Uma das ONGs que controlará a distribuição dos subsídios é dirigida por um parente de um dos democratas mais poderosos no Congresso, o senador Edward Kennedy. Segundo a agência de notícias "Bloomberg", uma porta-voz do senador disse que o desconto trará um "alívio" a famílias pobres do Estado, mas evitou apoiar Chávez, dizendo que continua preocupado com a falta de democracia na Venezuela. Segundo o Departamento de Energia, os americanos devem pagar contas de energia até 27% mais elevadas neste inverno devido à alta dos preços de petróleo. A maior parte do consumo para aquecimento ocorre na região nordeste, onde o inverno é mais rigoroso. Em Boston, a Citgo fornecerá 12 milhões de galões de combustível, e em Nova York, 8 milhões. "Como uma empresa socialmente responsável, estamos nos esforçando para ajudar os necessitados", disse o presidente da Citgo num comunicado divulgado pela companhia. A Citgo divulgou a política em anúncios de página inteira no jornal "The New York Times". A empresa foi a única a atender ao pedido feito por 12 senadores democratas, incluindo a ex-primeira dama Hillary Clinton, para que abdicassem de parte do lucro durante o inverno. As grandes petroleiras participaram no mês passado de uma audiência pública no Senado para explicar a alta de preços de combustíveis em todo o país após o furacão Katrina. O presidente e CEO da Esso, Lee Raymond, lembrou do fracasso da tentativa de impor controles de preços após o choque do petróleo da década de 70. David O'Reilly, presidente da Chevron, argumentou que o excesso de regulamentação restringiu os investimentos para aumentar a extração de petróleo e que os preços atuais apenas refletem a oferta apertada relativa à demanda. No fim de novembro, depois de pedir inutilmente que as empresas reduzissem preços a consumidores mais pobres, alguns democratas resolveram propor legislação punitiva, mas que acabou não sendo aprovada em plenário. O Senado rejeitou um projeto de lei do senador democrata Byron Dorgan, do Estado de Dakota do Norte, para impor um imposto de 50% sobre o lucro das empresas petroleiras obtido em vendas de petróleo cru com preço acima de US$ 40 por barril. As empresas só poderiam evitar o imposto se comprovassem usar o dinheiro para investir em expansão da capacidade da rede de refinarias ou na expansão das atividades de extração. A proposta foi derrotada por larga margem, 64 votos contra e apenas 35 a favor. (Com agências internacionais)