Título: Roriz e PT buscam aliados
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2010, Cidades, p. 25

Ex-governador e Agnelo Queiroz costuram alianças para decidir quais serão os dois candidatos apoiados por eles na disputa pelas vagas do DF nas eleições de outubro

Depois de confirmar a aliança com Jofran Frejat (PR) como vice na chapa ao Governo do Distrito Federal, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) trabalha agora para definir quais serão os dois políticos que apoiará na corrida ao Senado. A prioridade de Roriz é uma composição com o PSDB, que abra espaço para a candidatura da tucana Maria de Lourdes Abadia. Mas há outras possibilidades. O DEM, agora sem José Roberto Arruda e Paulo Octávio, tem sido cortejado, assim como o PP. Também há uma negociação em curso com o senador Gim Argello, presidente regional do PTB, que permitiria ao herdeiro do mandato de Roriz tentar renovar a permanência no Senado quatro anos antes do previsto. O mandato de Gim Argello termina apenas em fevereiro de 2015, quando tomará posse um candidato a ser eleito em outubro de 2014, numa disputa bem mais acirrada do que agora, quando haverá renovação de dois terços das cadeiras. Roriz e Gim têm conversado sobre o assunto. Se o petebista for eleito agora, o segundo suplente da chapa eleita em 2006, Marcos Almeida (PMDB), tesoureiro das campanhas de Roriz, assumiria o gabinete pelos próximos quatro anos. Mas o ex-governador tem dificuldades para fechar a composição dos sonhos de Gim e transformá-lo na prioridade ao Senado. Em um partido nanico, o PSC, Roriz precisa construir um arco de alianças para assegurar à candidatura tempo de televisão . Dessa forma, ele tenta atrair para o seu lado uma legenda com grande representação no Congresso. Um emissário de Roriz esteve com o deputado Alberto Fraga e com o senador Adelmir Santana, ambos do DEM, para lhes oferecer uma parceria. Presidente regional do DEM, escolhido na intervenção nacional, Adelmir sempre trabalhou para se tornar candidato à reeleição. Mas Fraga também tem se articulado nacionalmente para disputar um cargo majoritário. Na conversa, Fraga disse ao interlocutor que sua prioridade é concorrer ao GDF em outubro, mas não está fechado a negociações. ¿Não estou dizendo nem que sim nem que não. Não posso fechar as portas. Mas a minha intenção é o governo¿, disse Fraga.

Expurgo no DEM A chapa dos sonhos de Roriz para o Senado teria um candidato do DEM e outro do PSDB. Para ter o DEM como parceiro, o grupo rorizista até preparou o discurso. Dirá que a parte da legenda contaminada pela Operação Caixa de Pandora já foi expurgada. A desvinculação das denúncias feitas por Durval Barbosa é uma das estratégias da campanha rorizista, que está umbilicalmente ligada à gênese da formação do suposto esquema montado no governo de José Roberto Arruda. Num cenário em que o DEM lance candidato ao Senado, dificilmente a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia aceitaria concorrer. Depois da derrota de 2006, para José Roberto Arruda, ela se recolheu e tem se mantido longe da corrida eleitoral. Por isso, segundo quem tem conversado com a tucana, Abadia teme entrar agora em uma disputa majoritária. Ela tem dito que prefere se candidatar a deputada federal, quadro mais realista no entendimento dela. Roriz tem conversado com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e com o secretário-geral do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira. Mas ainda não há uma aliança formalizada com a legenda, que terá o ex-governador de São Paulo José Serra como candidato à Presidência da República. O deputado federal Robson Rodovalho (PP) é uma das opções de Roriz. Bispo da Igreja Sara Nossa Terra, Rodovalho puxaria os votos de evangélicos, uma parcela do eleitorado que o ex-governador considera fundamental para vencer a eleição. Roriz já tem interlocutores nesse segmento, como o Pastor Vilarindo, da Igreja Batista. Mesmo assim, ele tem conversado com o presidente regional do PP, deputado distrital Benedito Domingos. Nas últimas semanas, rorizistas não têm descartado, nem mesmo, uma nova parceria com o PMDB, caso o PT decida não aceitar o deputado Tadeu

Filippelli, presidente regional do partido, como candidato a vice na chapa encabeçada pelo petista Agnelo Queiroz.