Título: Usiminas anuncia plano de US$ 4,5 bilhões
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2005, Empresas &, p. B7

Siderurgia Companhia quer crescer na exportação de placas com nova usina a ser construída na região Sudeste

O plano de crescimento de longo prazo da Usiminas, que prevê a construção de uma nova usina de aço no país, de US$ 3 bilhões, será realizado em parceria com grupos nacionais e estrangeiros. Entre os potenciais candidatos estão a Vale do Rio Doce, a coreana Posco, o grupo Techint, a anglo-holandesa Corus, a ThyssenKrupp e até Mittal Steel, maior grupo produtor do mundo. A nova unidade industrial será totalmente voltada para exportação. A produção prevista é de 5 milhões de toneladas de material semi-acabado (placas) e deverá ser erguida na região Sudeste. "O anúncio da Usiminas não tem nada de muito diferente do que se esperava. É um movimento no mínimo necessário", avaliou um analista que acompanha a empresa há vários anos. Para o mercado, estava mais que na hora da siderúrgica mineira revelar algo. O novo programa de crescimento de médio e longo prazo da Usiminas foi anunciado ontem em São Paulo a uma platéia de 140 analistas de bancos e investidores pelo presidente da empresa, Rinaldo Campos Soares. O executivo, à frente da empresa há 15 anos, disse que o projeto de expansão foi dividido em duas etapas, que somam US$ 4,5 bilhões, e tem um horizonte até 2015. "A empresa está financeiramente bem, tem caixa (US$ 800 milhões) e está pronta para uma nova etapa", afirmou. Soares explicou que a primeira fase de investimento, chamada de "primeira onda", está orçada em US$ 1,5 bilhão e ficará pronta até 2010. "Essa etapa visa atender o aumento da demanda interna, a manutenção de nossa fatia de mercado e conter a entrada de novos concorrentes no mercado", disse. Nos últimos anos, o grupo Arcelor vem aos poucos avançando sobre o mercado de Usiminas e Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) nos segmento de laminados a quente e a frio e aço galvanizado. Esses produtos passaram a ser feitos pelas controladas Siderúrgica de Tubarão (CST) e Vega do Sul. As duas empresas tem planos de crescer mais até 2008. A primeira onda do plano da Usiminas contempla a expansão de 500 mil toneladas de aço na Cosipa, com a reforma das unidades de produção de placas, e um novo laminador de bobinas a quente para transformar todo volume de placas da siderúrgica de Cubatão (SP). Somada com a atual produção, o volume passará a 1,7 milhão de toneladas. O foco é melhorar a qualidade de produtos para os setores automotivo, tubos de grande diâmetro e outros. Hoje, o grupo Usiminas tem 55% do mercado nacional. Na Usiminas, está previsto uma ampliação de 300 mil toneladas na capacidade do laminador de chapas grossas, atualmente de 1 milhão. Essa expansão poderá num segundo momento agregar mais 200 mil. A usinas de Ipatinga terá ainda investimentos na melhoria do mix de qualidade de seus aços. Pedro Galdi, analista do ABN Amro Corretora, prevê que a Usiminas não terá dificuldades em encontrar parceiros para a nova usina de placas, como Corus, Mittal e Thyssen. "Essas empresas buscam realocar sua produção para locais onde os custos de produção são mais baixos, deixando apenas as etapas finais em seus países de origem", disse. A nova unidade da Usiminas garantiria, a qualquer uma delas, aço barato (graças à proximidade do minério de ferro) para ser laminado no exterior. O presidente da Usiminas admitiu que Posco, bem como o grupo Techint, do qual é sócio com 16% na Ternium (holding controladora de Siderar, Sidor e Hylsamex), são potenciais candidatos a parceiros. "Buscamos, em nossa estratégia uma mineradora (Vale), um siderúrgica e até uma laminadora de semi-acabados de aço." Para Galdi, "até que enfim a Usiminas divulgou seus planos de investimento, senão ela correria risco de perder seu lugar de destaque na siderurgia mundial". Mesmo assim, o anúncio não tirou a pecha de conservadorismo da siderúrgica mineira, que condiciou seu plano de expansão de 50% da capacidade de aço bruto: parceiros na nova empresa, garantia de compra de placa e cenário mundial de demanda em alta. Hoje, está apta a fazer 9,5 milhões e chegará a 10 milhões de toneladas em 2010. Segundo Soares, "a Vale já vem dizendo que apoiará a Usiminas em novos planos de crescimento" e que o conselho, que tem como principais acionistas a Nippon Steel, clube dos empregados, Votorantim, Camargo Corrêa e Bradesco. Vale, com 23% das ações ordinárias, e Previ, com 15%, estão fora do bloco de controle da companhia. A Vale apóia um plano de crescimento na produção de aço desde que seja liderado pela Usiminas, disse ao Valor Murilo Ferreira, diretor-executivo de Novos Negócios e Participações da mineradora. "Como maior acionista individual da Usiminas, a Vale vê o crescimento da empresa da melhor forma possível. A Usiminas tem toda a competência e é o veículo ideal para tocar uma nova usina", afirmou. O executivo da Vale informou que não há nenhuma definição de participações societárias na "nova empresa" e que os detalhes vão ser discutidos durante 2006.