Título: Relatório confirma críticas da UE em relação à aftosa no Brasil
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2005, Agronegócios, p. B11

Um relatório do Comitê Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal da União Européia, preparado após a reunião do último dia 8 em Bruxelas, afirma que " a popularidade do Brasil está atualmente em seu ponto mais baixo " . O motivo são as preocupações com a situação da sanidade animal no Brasil, principalmente após os casos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná. As informações do relatório foram enviadas pela International Meat Trade Association (IMTA), entidade que reúne comerciantes internacionais de carne bovina, sediada em Londres, à embaixada brasileira na Inglaterra. Segundo a correspondência, que tem a data de ontem, " várias delegações expressaram profunda preocupação e pediram que ações sejam tomadas. Algumas delas recomendaram impor um embargo à carne do Brasil " . Isso, depois que foram apresentadas informações do governo brasileiro sobre a situação da sanidade. Duas semanas antes da reunião do comitê, no dia 8, já havia rumores de que a UE poderia ampliar o embargo à carne bovina brasileira, hoje restrito a Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Conforme o relatório enviado pela IMTA, os serviços da Comissão Européia irão convidar o embaixador brasileiro para uma reunião nos próximos dias. Os europeus mostram, no relatório, que têm dúvidas quanto à confiabilidade da vacina contra aftosa e quanto à credibilidade das informações fornecidas pelo governo brasileiro. A confirmação tardia do foco de aftosa no Paraná gerou essa desconfiança. Além disso, os europeus querem informações sobre o controle no movimento do gado do Mato Grosso do Sul para outros Estados (em particular os aprovados para exportar carne bovina à UE). A reunião com o Brasil, que deve ocorrer antes do dia 20 (quando ocorre nova reunião do comitê) também serviria para discutir a rastreabilidade do gado brasileiro. O próprio relatório indica que é " muito cedo " para prever como ficarão as salvaguardas da UE em relação ao Brasil, e afirma que isso dependerá da " qualidade das respostas que o Brasil der para atender às expectativas dos serviços da Comissão Européia e dos Estados-membros " . O relatório também observa a que a Rússia ampliou seu embargo às carnes brasileiras depois da confirmação da aftosa no Paraná. Antes, o bloqueio estava restrito ao Mato Grosso do Sul e foi ampliado para o Paraná , Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Para Jerry O ? Callaghan, diretor de de carnes da Coimex, a União Européia não deve ampliar o embargo ao Brasil, apesar do descontentamento com a atual situação. " A expectativa é que o governo responda aos questionamentos da UE " , afirmou. Além disso, a carne brasileira faz falta na UE, onde preços do produto do bloco já subiram 20%. Em Hong Kong, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que técnicos do Ministério estarão na OIE e na quinta e sexta-feira em Bruxelas para discutir a crise da febre aftosa.